Crise em usinas de álcool é herança do Governo do PT para Alagoas

USINA CAPRICHO, EM CAJUEIRO, É UMA DAS SETE USINAS QUE TENTAM NÃO IR À FALÊNCIA, EM ALAGOAS (FOTO: REGIÃO DOS QUILOMBOS)

Fatores naturais, fiscais e econômicos formaram a combinação nociva ao setor que moveu durante cerca de dois séculos a economia do Estado de Alagoas. Mas o Partido dos Trabalhadores e sua política para o setor sucroenergético tem parcela importante de contribuição para o pedido de recuperação judicial (RJ) formalizado nesta terça-feira (24) por sete usinas de açúcar e álcool e outras duas empresas ligadas à Cooperativa Regional dos Produtores de Açúcar e do Álcool de Alagoas (CRPAAA).
Questionado sobre qual foi o ponto crucial para as usinas terem solicitado prazo de carência para renegociar e pagar suas dívidas e evitar a falência, o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Alagoas (Sindaçucar-AL), Pedro Robério, lembrou do peso negativo da política de preços aplicada pelo governo de Dilma Rousseff (PT) à gasolina, para pacificar o mercado às custas do setor de energia limpa e renovável. Somada à seca em três safras e à queda dos preços no mercado externo, o PT tem sua digital na ameaça de falência da maior entidade econômica de Alagoas.

“Cada um enfrenta a crise de um jeito. Mas posso verificar que esse pedido de RJ tem como causa a somatória de três motivações. A política de preços do etanol aplicada no governo de Dilma Rousseff, o congelamento de preços da gasolina, que alcançou o etanol, durante seis anos. Somada três safras seguidas de seca, que é um caso alagoano. E a dependência da Cooperativa de um único mercado, que era o mercado externo. Ela não tinha dinâmica de comercialização de produtos para mercado interno de açúcar e etanol. 80% da produção dos cooperados era direcionada ao mercado externo. Como o preço externo nesse momento caiu, então foi a gota d’água que faltava”, afirmou Pedro Robério, para o Diário do Poder.

A quebradeira do setor também é resultado da política do ex-presidente Lula para o setor, que estimulou empresários a contrair dívidas para investir em destilarias, prometendo recompensá-los com uma política para impulsionar o etanol. Mas, depois da descoberta do petróleo do Pré-sal, o presidente petista deixou de receber os representantes do setor, esquecendo sua lorota de que o álcool brasileiro substituiria o petróleo, que é fonte poluente e não renovável, mundo afora.

ASFIXIA
Sobre as chances de recuperação das usinas da cooperativa, Robério lembra do histórico das primeiras recuperações judiciais de usinas de Alagoas, que resultaram em falência, na Laginha Agroindustrial. E depois as usinas Triunfo e Roçadinho que pediram RJ e já deliberaram não operar, o que foi estranho, porque o objetivo é operar e pagar as dívidas.

“A cooperativa ficou asfixiada financeiramente, então tomou a decisão da RJ para blindar a receita das empresas, para só ficar voltada para produção, pagar trabalhadores e fornecedores de cana, sem ter o compromisso dos bancos, essa coisa toda. Então, na verdade, ela tomou a medida para operar; e não para parar. Como o fluxo de caixa dela não estava dando conta para cuidar da operação e mais os bancos, ela faz RJ para dispor de toda a receita só para o sistema. Em princípio, é manter os empregos e manter o sistema funcionando. Vamos torcer para que ela consiga isso nessa proposta”, concluiu Pedro Robério.

SINDAÇÚCAR TORCE PELA RECUPERAÇÃO DAS USINAS (FOTO: JORNAL DE ALAGOAS)

A Cooperativa reúne algumas das usinas mais importantes de Alagoas, mas as associadas que fazem parte do pedido de Recuperação Judicial são as usinas Seresta (da família do ex-governador Teotônio Vilela Filho), Sinimbu, Sumaúma, Penedo, Porto Rico, Porto Alegre e Capricho, além da Mecânica Pesada Continental S/A, já desativada, e a Copertrading Comércio, Exportação e Importação S/A, empresas respectivamente responsáveis pela manutenção do maquinário das usinas e pelas vendas de sua produção.

No final de 2016, pequenos produtores protestaram contra o calote de usineiros no pagamento de cerca de R$ 250 milhões pela cana fornecida há mais de três anos. Dos 7,4 mil produtores de cana alagoanos, 90% são pequenos fornecedores. Com as dificuldades financeiras, aliadas à sequência de estiagens, várias famílias já venderam suas terras para pagar empréstimos, enquanto as usinas recebem o que produzem antecipadamente e não pagam aos fornecedores.

 

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