CPI descobre que militares sujaram as mãos na corrupção

Há uma antiga lenda que militares são honestos e que não se envolvem em casos de corrupção devido ao seu amor pela pátria e profundo sentimento de dever patriótico. Pois é, bastou alguns dias de investigação na Comissão Parlamentar (CPI) de inquérito, aberta no Senado por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) para esse ‘mito’ cair por terra.

O desgaste da imagem dos fardados acontece numa velocidade ímpar. Logo eles que eram anunciados como os últimos bastiões da honestidade em terras tupiniquins.

Em depoimento à CPI, Cristiano Carvalho, representante da Davati no Brasil contou aos senadores que existe uma rede de intermediários na compra de vacinas e que alguns militares, nomeados pelo presidente Jair Bolsonaro no Ministério da Saúde estariam participando ativamente do esquema para ganhar dinheiro por fora. São milhões de dólares que seriam pagos em paraísos fiscais para a compra de vacinas que sequer seriam entregues ao Brasil.

A empresa representada no Brasil por Cristiano Carvalho negociou a venda de vacinas AstraZeneca, aparentemente sem aval da farmacêutica, com o Ministério da Saúde no começo do ano. Carvalho disse que tinha conhecimento de que um dos vendedores da Davati, o cabo da Polícia Militar de Minas Gerais, Luiz Paulo Dominguetti, dizia ter ouvido um pedido de propina de nomes da Saúde enquanto negociava imunizantes.

Ainda sobre o depoimento de Cristiano Carvalho, ele apontou que Roberto Dias, ex-sargento da Aeronáutica, correu atrás dele para falar sobre compra de vacinas. Conta que o Coronel Blanco pediu comissionamento, o nome que deram para propina. E traz um novo personagem, militar, o coronel Helcio Bruno, do Instituto Força Brasil, ligado a atos anti democráticos que foram investigados por ordem do ministro Alexandre de Moreis, do Supremo Tribunal Federal (STF). Então a cada chacoalhada na árvore do Ministério da Saúde apareceu um coronel e um tanto de outros militares envolvidos até o pescoço no lamaçal de corrupção.

Militares suspeitos de negociatas no Ministério da Saúde: Sargento Roberto Dias, Coronel Cleverson Boechat, Coronel Marcelo Blanco, Coronel Pires, Coronel Guerra, Coronel Odilon, Coronel Helcio, Coronel Elcio Franco, Major Handerson. Lembrando que todos esses militares estavam sob o comando do general Eduardo Pazuello, então ministro da Saúde do governo Bolsonaro.

O caso mais grave é do general Eduardo Pazuello. A maioria das denúncias de corrupção aconteceu enquanto ele esteve à frente do Ministério da Saúde. O aparelhamento da pasta ficou evidente. A justificativa era que o orçamento vultoso do ministério seria protegido da cobiça dos políticos.

Diante de tamanho escândalo é inconcebível que o Ministério da Defesa, através do general Braga Neto não se posicione sobre a existência quase escancarada do envolvimento de militares de alta patente com a corrupção dentro do Ministério da Saúde.

Em dias passados, o general Braga Neto emitiu nota pesada contra a CPI pelo simples fato do presidente da Comissão, o senador Omar Aziz ter feito um comentário exatamente sobre a existência de uma ‘banda podre’ nas Forças Armadas. Braga Neto e demais membros do alto comando militar se mostraram indignados com a menção e fizeram várias ameaças veladas, caso a CPI resolva ir mais fundo na investigação, apontando, inclusive, a participação de outros militares e até integrantes das Forças Armadas de alta patente, como é o caso de generais.

No Senado, o discurso de consenso é que as investigações não vão poupar os militares.

Entenda o caso

O vendedor de vacina, que se apresenta como representante da empresa Davati Medical Supply, Luiz Paulo Dominguetti denunciou ao jornal Folha de S. Paulo ter recebido pedido de propina do então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, em um jantar no restaurante Vasto, no Brasília Shopping, na capital federal, no dia 25 de fevereiro.

A proposta, segundo ele, era de US$ 1 por dose da vacina AstraZeneca, em troca da assinatura de um contrato de venda de de 400 milhões de doses do imunizante, que geraria um montante ilícito de R$ 2 bilhões.

Luiz Paulo Dominguetti Pereira é um cabo da Polícia Militar de Minas Gerais.

Ele já trabalhou no gabinete militar do governador Romeu Zema (Novo), mas ficou na função apenas 15 meses, entre 7 de agosto de 2019 e 5 de novembro de 2020.

A função de Dominguetti era cuidar da  segurança das instalações prediais, ou seja, cuidava de guarita. O cabo foi exonerado do cargo, segundo a atual chefia do gabinete militar, por “não corresponder ao perfil necessário de atuação no setor”.

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