Coluna – A numeralha da convocação paralímpica do Brasil para Tóquio

O Brasil será representado por 230 atletas com deficiência na Paralimpíada de Tóquio (Japão). A relação divulgada há uma semana pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) tinha 229 integrantes, mas foi reforçada na última quinta-feira (8) por Karla Cardoso, que levou uma das vagas bipartites (convite) do judô para cegos e competirá na categoria até 52 quilos.

A nova integrante da delegação eleva para 70 o total de brasileiros convocados que conquistaram, ao menos, uma medalha paralímpica. No caso de Karla são duas pratas, nos Jogos de Atenas (2004) e de Pequim (2008). Isso significa que 30,43% da equipe nacional em Tóquio sabe bem os caminhos para subir ao pódio no maior evento paralímpico do planeta, com base em números do departamento de Ciências do Esporte do CPB.

O atletismo é a modalidade com mais medalhistas paralímpicos no grupo: 20, o que representa 31,25% dos 64 convocados, ou seja, próximo à média da delegação total. Em termos percentuais, o futebol de 5 (para deficientes visuais) lidera, com 87,5% do elenco com deficiência (portanto, sem levar em conta os goleiros, que enxergam) tendo histórico de medalhas no evento, todas douradas. Dos oito jogadores de linha, apenas o ala Jardiel busca o primeiro pódio. Será a estreia dele nos Jogos.

O que leva a outra estatística significativa: mais de um terço da delegação é de caras novas. Dos brasileiros convocados para Tóquio, 86 disputarão o evento pela primeira vez, 37,4% do total. É praticamente a mesma porcentagem (37,15%) de estreantes só na seleção da natação, a segunda modalidade com mais representantes do país nos Jogos. Entre os 35 nadadores, 13 são debutantes em Paralimpíada.

A natação também chama atenção pela juventude. São 12 atletas com menos de 23 anos na seleção, cerca de um terço da equipe (34,28%). Um deles, inclusive, é o mais jovem de toda a delegação nacional: João Pedro Brutos, que terá 17 anos e dois meses em agosto. O momento da renovação é relevante, considerando ser a edição que marca a aposentadoria de Daniel Dias, o maior medalhista paralímpico do país, com 24 láureas, 14 douradas.

Importante frisar que estrear em Paralimpíada não significa, necessariamente, inexperiência em grandes competições. Ainda pegando a natação como exemplo, Maria Carolina Santiago e Wendell Belarmino (ambos de classes para nadadores com deficiência visual) foram campeões mundiais em Londres (Inglaterra), em 2019. No mesmo ano, Beth Gomes foi ouro no lançamento do disco da classe F52 (cadeirantes) no Mundial de Atletismo, em Dubai (Emirados Árabes Unidos). Será a primeira participação dela nos Jogos pela atual modalidade. Em 2008, a lançadora representou o Brasil em Pequim no basquete em cadeira de rodas.

Vale destacar, ainda, que pouco mais de um quarto (27,5%) dos 230 atletas com deficiência se enquadram em categorias voltadas a pessoas com grau de comprometimento físico-motor severo, as classes baixas. A representação supera a dos Jogos Parapan-Americanos de Lima (Peru), há dois anos, de 25%. Em 2017, quando divulgou o planejamento estratégico até 2024, o CPB havia estabelecido 12% como meta para o Parapan de Santiago (2023).

A meta é manter o Brasil entre os dez primeiros colocados no quadro de medalhas. Na Rio 2016, a delegação ficou em oitavo lugar, com 14 ouros. Se mantiver a média de láureas douradas das últimas quatro edições (16, impulsionada pelas 21 de Londres 2012), o país não só atinge o objetivo como alcança, em Tóquio, a centésima medalha de ouro paralímpica. Faltam “apenas” 13. A equipe nacional tem perspectivas de brigar pelo lugar mais alto do pódio em quase todas as 20 modalidades nas quais terá representantes. A quem caberá a honra do ouro número cem? Aguardemos o próximo dia 24 de agosto para começarmos a descobrir.

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