Censo Demográfico 2022 vai mostrar o retrato atualizado do Brasil

A partir de agosto, os recenseadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) vão visitar os domicílios dos 5.570 municípios brasileiros coletando dados para o Censo Demográfico 2022, que vai mostrar o retrato atual do país. Saber quantos brasileiros são, como vivem e obter informações para auxiliar na formulação de políticas públicas são funções do Censo, uma pesquisa socioeconômica completa.

Os recenseadores vão visitar cerca de 78 milhões de domicílios para fazer perguntas sobre temas como as características dos domicílios, núcleo familiar, religião, nível de escolaridade, trabalho e rendimento. Eles estarão identificados com uniforme e crachá e cumprirão os protocolos sanitários impostos pela Covid-19. O presidente do IBGE, Eduardo Rios Neto, informou que a coleta de dados deve começar em agosto e explicou em detalhes como será a pesquisa em 2022.

Qual a importância do Censo para a definição de políticas públicas no país?

O Censo é a única investigação domiciliar que vai casa a casa, que cobre todos os municípios do país. E, no caso da população, que cobre todos os domicílios de todos os municípios. Então, o Censo é uma oportunidade única. Geralmente ele ocorre decenalmente, porque ele dá esse retrato estrutural que é uma âncora para o planejamento.

Ele coleta informações sobre idade, sexo, nível de instrução, religião, tipo de união, fecundidade, que é o número de filhos que a mulher tem, enfim, uma série de indicadores que não estão em todas as pesquisas e, quando estão, não cobrem todos os municípios. Também renda, que dá a base para o PIB [Produto Interno Bruto]. Enfim, é uma pesquisa socioeconômica completa.

O IBGE realizou testes para o Censo em diversos municípios no ano passado. O que foi possível analisar com esses testes?

Normalmente, temos o que chamamos de Censo Experimental e fizemos esse experimental em Poços de Caldas, Minas Gerais, que é uma cidade média, em 2019, na expectativa do Censo ser em 2020. Com o adiamento, por causa da pandemia, nós retomamos e aproveitamos Paquetá, que fica dentro do município do Rio de Janeiro. Na semana da Pátria [semana que envolve o dia da Independência do Brasil, 7 de setembro], iniciamos um teste em Paquetá que tinha um grau maior de imunização da população e nos permitiu fazer em setembro. A experiência foi tão bem-sucedida que resolvemos estender esse teste para todas as unidades da federação, inclusive o Distrito Federal.

Fizemos esse teste em novembro e pudemos testar os equipamentos, o sistema de coleta, se o questionário estava funcionando bem, abordagem ao informante, protocolos de segurança. Foi um teste completo, uma mini simulação, coisa que fazíamos apenas em uma cidade, agora fizemos no Brasil inteiro.

Em relação aos protocolos de segurança, quais são as medidas adotadas pelo IBGE para a segurança dos recenseadores e também dos entrevistados? E como será feito o contato na entrevista presencial?

Existe todo um treinamento, um manual de abordagem visando a segurança do entrevistado e do recenseador. E também um investimento muito grande nos equipamentos de proteção individual. Como gestor, eu confio nos protocolos de segurança do IBGE. Agora, depois dos testes e da comparação com vários países do mundo, percebemos que estamos com um protocolo que dá muita segurança e muita tranquilidade.

Como estarão identificados os recenseadores? Eles vão usar algum tipo de roupa específica?

Tem um colete com o nome IBGE e um crachá que traz o número de identificação de cada recenseador, tem uma bolsa e um boné. Tem um QR Code no crachá e a pessoa pode pegar o número da matrícula e conferir a foto do crachá. A ideia é dar ao entrevistado o maior grau de segurança, não só com relação à pandemia, mas com relação a possíveis golpes.

É possível verificar a identidade do recenseador por meio do QR Code que está no crachá?

Tem como verificar e também tem o número da matrícula e a foto. Tem como ir ao site do IBGE e fazer a conferência se é a própria pessoa que está lá. 

Caso o morador não queira participar do Censo de forma presencial, ele pode responder pela internet, por telefone? Precisa avisar o IBGE ou o recenseador? Como se dá esse processo?

Por causa da pandemia e resolvendo esse problema de recusa que às vezes ocorre pelas mais variadas razões, como privacidade e insegurança, desenvolvemos um modelo misto de coleta. O principal para nós é o cara a cara, o presencial, mas, de todo jeito, o recenseador baterá em todos os domicílios. Então, uma vez registrado o domicílio, damos a opção da internet, damos um código de barras para acessar a internet e fazer o autopreenchimento do questionário, ou um agendamento para uma entrevista telefônica.

A pandemia serviu para que o IBGE desenvolvesse uma habilidade muito boa para entrevista domiciliar telefônica. Antes, usávamos o telefone mais para entrevistas com empresas e não com famílias. Agora, posso dizer com segurança que somos experts na entrevista domiciliar por telefone com qualidade.

Sobre o questionário do Censo, quantas perguntas são e qual o tempo médio para respondê-las? São aplicados questionários diferentes?

Existe um questionário que é básico, que vai em todas as casas. É um questionário que estimamos aplicar em 78 milhões de domicílios. Para esse universo de 78 milhões, temos 26 perguntas e demora de cinco a seis minutos para fazê-las. Nesse primeiro, o que queremos medir é o número de pessoas que têm no Brasil, o sexo e a idade. Esse é considerado o questionário base.

Para uma amostra, que são cerca de 11% dos 78 milhões, o que dá aproximadamente 8,5 milhões de domicílios, aplicamos o questionário longo que tem 77 perguntas e dura, em média, 17 minutos. É nesse que vamos perguntar renda, trabalho, todas as características que costumam estar nas pesquisas domiciliares como a Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios Contínua.

O básico, que é o de 26 perguntas, é o que vai ser aplicado em todos os domicílios, esse é rapidinho e é o que vai dar o número da população brasileira para cada município, sua estrutura etária, quem é idoso.

Locais mais distantes, remotos, também participam dessa pesquisa do Censo do IBGE?

O IBGE tem que ir a todos os municípios, não importa onde. Vamos bater em todos os municípios. A temporada de chuvas está variando bastante, agora em agosto terá menos, mas ainda terá, o IBGE tem toda uma logística, inclusive de equipamentos especiais para levar o recenseador lá. E tem os territórios indígenas, os territórios quilombolas. São todas estratégias específicas que fazemos para cobrir todos os municípios porque ninguém pode ficar para trás.

Para realizar o Censo foi aberto um processo seletivo nacional com grande número de vagas para a coleta dos dados nas casas dos brasileiros. As inscrições foram encerradas no último dia 21. O senhor poderia nos falar sobre os números deste processo seletivo temporário.

São 206 mil vagas, das quais 183 mil para recenseadores. A vaga de recenseador, como ela exige ensino fundamental completo, ela cobre um público maior. Essa remuneração do recenseador é muito variada. Tem também o agente censitário supervisor que são 18 mil vagas e ele vai supervisionar o trabalho do recenseador. É uma exigência de nível médio completo. E tem 5.450 vagas, quase o mesmo número de municípios, para o agente censitário municipal que vai ser o coordenador geral da operação no município. Também exige nível médio completo.

O contrato do recenseador é de três meses. O censo vai começar no dia 1° de agosto, então é agosto, setembro e outubro. Em alguns casos pode ser renovável por mais um mês, mas o esperado é três meses.

Subsídio para políticas públicas

A cada dez anos, os censos demográficos produzem informações sobre o país com dados necessários para planejar políticas públicas governamentais, investimentos e para a distribuição de recursos federais entre estados e municípios.

Informações levantadas com perguntas relacionadas às características dos domicílios e deslocamento para estudo e trabalho, por exemplo, são usadas para planejar programas habitacionais e sistemas de transporte. Já os dados sobre os arranjos familiares dão base para o planejamento de programas sociais, como o Auxílio Brasil. As informações sobre deficiência, religião ou culto e cor ou raça tornam possível construir políticas de proteção e garantias de direitos. 

Assim, o Governo Federal busca atender as demandas da população de forma eficiente, levando em conta as necessidades e particularidades de cada parcela da sociedade.

 

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