Caso fatal de febre maculosa em Belo Horizonte alerta para perigo de antigas doenças

Males transmitidos por insetos e carrapatos evidenciam desafio representado por patologias que há décadas matam brasileiros e que continuam sem controle

20160918072447629285i

Elas ressurgem como fantasmas, tirando vidas e desafiando autoridades. Nem a evolução da medicina consegue espantar esse espectro antigo, que continua pondo em xeque a saúde pública. O reaparecimento da febre maculosa, que matou uma criança em Belo Horizonte, chama a atenção para o risco de doença seculares, como o mal de Chagas, a dengue, a leishmaniose, a malária e a febre amarela, que retornam para assombrar a população. São males classificados pela Organização Mundial de Saúde como “negligenciados”, por serem tratáveis e curáveis, afetando principalmente populações de baixa renda, e que, por isso, não despertam interesse da indústria farmacêutica.

A mais recente vítima em BH foi Thales Martins Cruz, de 10 anos, que morreu no início do mês contaminado por picada de carrapato, depois de visita ao Parque Ecológico da Pampulha. O diagnóstico de maculosa traz à tona a pergunta inevitável: sendo desafios tão antigos, por que persistem, e matam?

O infectologista Alexandre Moura, da Secretaria Municipal de Saúde, afirma que a maior parte dessas doenças tem reservatório em animais, o que dificulta o combate. Caso da febre maculosa, transmitida pelo chamado carrapato-estrela infectado pela bactéria Rickettsia rickettsii. O contágio ocorre se o carrapato contaminado ficar pelo menos quatro horas fixado na pele. “Para erradicar, é preciso uma vacina muito boa e uma doença circulando só em humanos, pois, quando contagia também animais, o combate é dificultado, pois a transmissão se sustenta na natureza”, diz. “Os próprios carrapatos infectam-se uns aos outros, e a capivara não é a única fonte deles.”

O especialista cita o exemplo da varíola, que, por atacar apenas humanos, pôde ser erradicada com vacina. Moura destaca que a dengue tem grandes chances de ser erradicada depois que a vacina entrar para o calendário oficial do governo e for oferecida a toda a população. Enquanto isso não ocorre, de acordo com o último boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde, Minas registrou 525.452 casos prováveis da doença e 227 mortes só neste ano.

Mas nem mesmo a imunização dispensa o estado de atenção. “O sarampo, por exemplo, ocorre só em humanos, conta com vacina boa, mas não se conseguiu controlar o mal ainda. Ou seja, mesmo quando não há animais na cadeia, é essencial manter uma boa cobertura vacinal”, afirma. Segundo ele, quando uma doença está controlada e para de circular, é comum que surjam correntes contra a necessidade da imunização, criando bolsões de pessoas sem proteção e abrindo brecha para novos surtos.

em.com.br

18/09/16

Jornal Rede Repórter - Click e confira!




Botão Voltar ao topo