Brasileira viaja ao Líbano para resgatar filha sequestrada pelo pai

A brasileira Claudia Dias de Carvalho Boutros, de 39 anos, embarcou na madrugada deste sábado (2) em Guarulhos, Grande São Paulo, em um voo com destino ao Líbano para resgatar sua filha, sequestrada pelo ex-marido e pai da menina em 2010. No mês passado, o G1 revelou que a Justiça libanesa tirou do empresário libanês Pedro Boutros Boutros, de 49, a guarda de Gabriella Boutros e a devolveu à mãe. A menina tinha 5 anos quando foi levada de São Paulo. Atualmente ela tem 13.

Claudia vai desembarcar em Beirute e ficar no país até 20 de dezembro. “Vou ao Líbano para buscar minha filha. Estou muito ansiosa para trazê-la com segurança e por fim a esse drama”, disse a estudante de administração antes de embarcar no aeroporto de Cumbica.

O voo decolou por volta da 1h e chegará às 9h deste sábado em Dubai. Claudia vai esperar por 11 horas uma conexão para o Líbano, onde chegará somente no domingo (3). “Estou nervosa, ansiosa e com muita fé em Deus que tudo vai correr bem”, disse Claudia antes de embarcar.

A previsão é a de que mãe e filha voltem ao Brasil no próximo dia 21. A adolescente mora em Trípoli com o pai. Ela aprendeu árabe e quase não fala português.

Pedro é acusado de tomar Gabriella de Claudia, que tinha a guarda da garota após a separação. Na época, a criança tinha 5 anos e o empresário foi autorizado pela Justiça de São Paulo a fazer visitas quinzenais.

Em 12 de março de 2010, o libanês foi de carro pegar a filha na casa da ex-mulher, na capital paulista. Colocou a menina no carro, foi com o veículo até Foz do Iguaçu, no Paraná, entrou no Paraguai e pegou um avião até a Argentina. De lá, os dois seguiram em um voo até a França, onde embarcaram em outra aeronave até Beirute, capital libanesa.

Interpol

Após Pedro fugir do Brasil com Gabriella, pai e filha passaram a ser procurados pela Interpol (polícia internacional). Fotos dos dois estão no site da entidade como Parental Child Abduction (algo como sequestro de filho por um dos pais, numa tradução livre do inglês para o português).

Se sair do Líbano, Pedro terá de ser preso para responder no Brasil pelo crime de ter levado Gabriella sem autorização da mãe. A menina, por sua vez, teria de ser repatriada.

Mas essa medida da Interpol não vale enquanto pai e filha estiverem em território libanês. Como o país não é signatário da Convenção de Haia, na Holanda, sobre sequestro internacional de crianças, Claudia teve de pedir à Corte de Trípoli a devolução da guarda da filha.

Em 2012, a Justiça brasileira já havia concedido a guarda definitiva de Gabriella a Claudia por entender que a garota foi subtraída pelo pai, segundo seus advogados. Mas somente em 13 de outubro deste ano que a Corte de Trípoli reconheceu esse direito e decidiu tirar de Pedro a guarda da filha e devolvê-la à sua mãe. A informação foi confirmada pela Embaixada Brasileira no Líbano.

A única condição para a entrega da criança é a de que Claudia viaje ao Líbano para recebê-la pessoalmente na Justiça de Trípoli. Estudante de administração, a mãe de Gabriella alegou que não tinha dinheiro para custear as passagens aéreas.

Após pedir ajuda nas redes sociais, Claudia ganhou as passagens aéreas de um empresário libanês que mora em São Paulo. Claudia viajou sozinha. Ficará hospedada na casa de brasileiros que moram em Beirute. Depois, terá o apoio do advogado libanês Pierre Baaklini, que defende os interesses da brasileira no Líbano.

Indenização

Procurado para se pronunciar sobre o trâmite da repatriação de Gabriella, o Itamaraty, que é o Ministério das Relações Exteriores no Brasil, respondeu, por meio de nota, que acompanha o caso e presta assistência a Claudia e seus advogados.

De acordo com o advogado de Claudia, José Beraldo, a expectativa é a de sua cliente volte a São Paulo com Gabriella. “O pai da menina precisa cumprir a lei do país dele. Precisa devolver a garota, senão será preso”.

Nesses sete anos, Claudia conseguiu ver a filha por três vezes, duas delas autorizadas por Pedro sob a supervisão de uma pessoa da confiança dele no Líbano. Em outra, sem o conhecimento do pai da menina, Claudia invadiu a escola católica onde a menina estuda e convenceu a madre a deixá-la dar um abraço.

No Brasil, Claudia ainda aguarda decisão da Justiça brasileira sobre o pedido de R$ 2 milhões de indenização: metade contra o Estado (por deixar a criança sair do país sem passaporte) e o restante contra o ex-marido.

02/12/2017

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