Brasil é uma vergonha em qualquer parâmetro de ensino, diz ministro

Mendonça Filho deu declaração após participar de audiência no Senado. Ele afirmou, ainda, que situação da educação no país é ‘vexatória’.

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O ministro da Educação, Mendonça Filho, afirmou nesta segunda-feira (28) que o Brasil é uma “vergonha” em qualquer parâmetro de ensino, o que faz o país estar em uma situação “vexatória”.

Mendonça Filho deu a declaração a jornalistas após participar de uma audiência pública no Congresso Nacional na qual foi discutica a medida provisória (MP) editada pelo governo em setembro que prevê uma reforma no ensino médio.

“Os resultados da educação são deprimentes. O Brasil celebra a mediocridade, essa é a verdade. A gente acompanhou uma evolução razoável do ponto de vista de universalização [nos últimos anos], mas os números relativos à área educacional do Brasil, para mim, não podem tornar nenhum cidadão feliz ou satisfeito, muito pelo contrário”, disse o ministro.

“Se analisarmos qualquer indicador, [seja] com relação ao Pisa [Programa Internacional de Avaliação de Estudantes] ou ao ranking de competitividade, a gente vai se deparar com uma situação vexatória. O Brasil é uma vergonha do ponto de vista educacional em qualquer parâmetro”, completou Mendonça Filho.

Reforma do ensino médio
Durante a sessão desta segunda, o ministro defendeu a reforma do ensino médio como uma das soluções para este cenário.

A proposta do governo Michel Temer (entenda aqui) altera o conteúdo e o formato das aulas, e também a elaboração dos vestibulares e do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

O objetivo da medida, segundo o governo, é aumentar a carga horária do ensino médio, o tornando integral, e flexibilizar a grade curricular para que os estudantes possam escolher até metade do conteúdo que irão estudar.

Aos deputados, o ministro da Educação afirmou avaliou que o modelo atual do ensino médio está “de costas” para o jovem brasileiro, pois, na avaliação dele, “não dialoga” com os interesses dos estudantes.

Na avaliação de Mendonça Filho, a obrigatoriedade de o estudante cursar por três anos disciplinas não relacionadas à profissão escolhida provoca “evasão” das escolas, além de “desestimular” o aluno.

“Não faz sentido o jovem que vai cursar Pedagogia ou Direito ter a mesma ênfase em Física daquele que quer prestar Engenharia”, explicou o ministro a comissão formada por deputados e senadores.

Números do ensino médio
Na audiência pública, Mendonça Filho informou que, de 2008 a 2015, o número de matrículas no ensino médio se manteve em torno dos 8 milhões, enquanto, segundo ele, no mesmo período, o número de concluintes ficou próximo aos 2 milhões.

Ainda de acordo com o MEC, 8,4% dos estudantes cursam o ensino médio paralelamente ao ensino técnico. Aos parlamentares, Mendonça Filho, contudo, defendeu o aumento deste percentual, e citou a Europa, onde, segundo ele, a média é de 40%.

Vaias
Enquanto Mendonça Filho apresentada a MP que estabelece a reforma do ensino médio, ele foi vaiado por integrantes do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES), contrários à medida.

Durante a sessão, a senadora Fátima Bezerra (PT-RN) pediu a palavra para criticar o plenário “esvaziado” da comissão. “O senhor [Mendonça Filho] deveria cobrar a presença da sua base. Não vou ficar nesta audiência porque não foi isso que nós nos propusemos, propusemos o debate com o senhor e os ex-ministros”, disse.

Também convidados, o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, e o ex-ministro da Educação Aloizio Mercadante não compareceram à comissão.

Em nota, a assessoria de Mercadante disse que o ex-ministro foi convidado e, “apesar da profunda discordância com a medida provisória autoritária”, ele confirmou presença, mas, depois, foi informado de que a reunião da comissão havia sido cacelada e ele, então, participaria de uma outra sessão, pela manhã.

“Mercadante ponderou a situação e aguardou até a última sexta-feira (25/11) a possibilidade de a comissão rever a decisão de suspender o debate, fato que não ocorreu. O ex-ministro decidiu, então, por não participar de uma audiência apenas para legitimar uma medida provisória com a qual ele discorda profundamente e sem a possibilidade real de debater o assunto tecnicamente e em profundidade com o atual ministro”, diz a nota.

g1

28/11/2016

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