Boulos inaugura Cozinha Solidária em Maceió e aponta governo federal como responsável por crise sanitária e econômica

Na manhã desta quarta-feira (17), o líder de esquerda Guilherme Boulos (PSOL), esteve em Maceió para participar da inauguração de um restaurante que oferece alimentação gratuita a famílias pobres no Benedito Bentes. A Cozinha Solidária é uma iniciativa do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), organização dirigida por Boulos.

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No evento estiveram presentes diversas lideranças políticas do estado, como a ex-reitora Valéria Correia (PSOL), o Deputado Federal Paulão (PT) e a secretária da Mulher, Cidadania e Direitos Humanos de Alagoas, Maria José da Silva.

Em entrevista ao O Dia, Boulos defendeu que medidas de controle da pandemia devem ser sempre combinadas com medidas econômicas que garantam segurança alimentar aos mais pobres.

“Não tem como você chegar pra uma senhora que tá aqui no Benedito Bentes, que tá desempregada, e dizer pra ela que ela não pode sair de casa, porque se ela não sair de casa, as vezes pra catar latinha ou catar papelão, ela não vai ter comida pra dar pro filho. Então você tem que garantir o isolamento e garantir as condições pro isolamento. Isso significa auxílio emergencial, apoio a pequenos comerciantes para manter seus negócios fechados, o governo investindo para manter os empregos pagando o salário dos trabalhadores dos setores afetados pela crise. Essas são as medidas que deveriam ser tomadas”, defendeu Boulos.

Para o líder do MTST, os países que de fato conseguiram combater a pandemia combinaram isolamento social, monitoramento epidemiológico e testagem com medidas de apoio econômico. “Olha que loucura, o Brasil não fez nenhuma dessas coisas. Nem tomou as medidas sanitárias, nem tomou as medidas econômicas. Nem salvou vidas, nem salvou emprego”, afirma.

Cozinhas Solidárias pelo país

Guilherme Boulos afirma que está inaugurando as Cozinhas Solidárias pelo país com intuito de amenizar o sofrimento da população durante a pandemia. “Nós estamos convivendo hoje com duas pandemias: a pandemia da Covid-19, descontrolada, com o Sistema Único de Saúde (SUS) em colapso e do outro lado a pandemia da fome, igualmente descontrolada, com gente revirando lixo, crianças nos semáforos implorando por um pedaço de pão. É por isso que nós tomamos essa iniciativa de inaugurar as Cozinhas Solidárias pelo país”, explicou.

Boulos contou ainda que serão inauguradas cozinhas em 11 estados do Brasil, em capitais sobretudo. “Até o fim de abril serão 16 cozinhas solidárias nesses 11 estados. A primeira foi inaugurada na periferia de São Paulo no sábado passado. A segunda está sendo em Maceió e na semana que vem vai ser em São Gonçalo, no Rio de Janeiro”.

Para Guilherme Boulos, as cozinhas devem garantir o mínimo de segurança alimentar para as famílias que passam por dificuldade extrema. “É claro que isso não vai resolver todo o problema da fome. Para poder resolver esse problema, precisaria de uma iniciativa pública. Precisaria que o governo recuperasse a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), os estoques de alimentos e distribuísse cesta básica junto com o auxílio emergencial e o Bolsa Família”, opinou.

Aumento do preço dos alimentos é escândalo

O líder do MTST também opinou sobre a situação econômica do país e o constante aumento dos preços dos alimentos. “Precisaria uma intervenção do governo federal para baixar o preço dos alimentos no Brasil. É um escândalo! Eu estava vendo os dados do IPCA acumulado: 103% o aumento do óleo de cozinha, mais de 40% o aumento do preço do arroz, a carne lá em cima, botijão de gás a mais de R$100. Isso em um momento de desemprego, da economia em frangalhos. Tinha que ter uma política pública, mas na ausência de governo federal, porque o Brasil não tem governo hoje, o movimento social está dando exemplo com esse gesto de solidariedade”, afirmou Boulos.

Sobre a vacinação, Boulos critica a forma como a aquisição de doses tem sido feita. “Precisa vacinar a população. Na medida em que for liberada a aquisição de vacinas por estados e municípios, fazer a negociação de mais doses e acelerar o processo. Precisa garantir a abertura de leitos de hospitais estão com 100% de ocupação em muitas cidades”, opinou.

D ponto de vista econômico e social, Guilherme Boulos defende que o governo federal garanta medidas básicas para a população, sobretudo de segurança alimentar. “Se o movimento social consegue erguer em dois meses 16 cozinhas no Brasil, só com base em doação solidária, sem um real de dinheiro público, quem gere o dinheiro dos nossos impostos teria condição de fazer muito mais. Essas iniciativas deveriam ser conduzidas pelo poder público em todos os níveis, federal, estadual e municipal”, concluiu.

A Cozinha Solidária está localizada no Conjunto Paulo Bandeira, no Benedito Bentes, e deve distribuir até 100 marmitas diariamente. A iniciativa é inteiramente custeada pelo caixa do movimento e por doações através do site do MTST. O atendimento pode ser expandido de acordo com o volume de doações recebidas.

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