Bastidores: Crise no governo tem ligação com caso de Flávio Bolsonaro

A demissão pública anunciada por Jair Bolsonaro do superintendente da PF no Rio, Ricardo Saadi, teve como pano de fundo investigações envolvendo a família do presidente. Desde o início do governo, Bolsonaro se queixava de ataques aos parentes e de tentativas de ligar seus filhos a milicianos.

Na avaliação de integrantes do governo, esses ataques começaram após o Estado revelar, em dezembro, movimentações atípicas nas contas do ex-policial militar Fabrício Queiroz, que trabalhava como assessor de Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho “01”, na Assembleia Legislativa do Rio. Para o presidente, todo o processo seria uma perseguição política à sua família, diz o MSN.

Saadi, segundo interlocutores de Bolsonaro, fazia “corpo mole” ao não contestar as ações que o presidente considerava desmandos nas investigações. Embora o delegado não estivesse à frente dos casos, no gabinete presidencial o sentimento era de que o comportamento dele era de corroborar para que as buscas sobre a família fossem adiante.

Bolsonaro queria a saída do delegado, mas sabia que poderia mexer em um vespeiro. Saadi já deixaria o cargo, mas o processo acabou antecipado com o anúncio do presidente, que surpreendeu a cúpula da PF e causou uma crise interna, além de deixar o ministro da Justiça, Sérgio Moro, a quem o órgão é subordinado, encurralado.

Se atendesse a vontade do presidente ao nomear o superintendente do Amazonas, Alexandre Saraiva – como sugeriu Bolsonaro –, Moro poderia perder o controle da PF. Por outro lado, contrariar o presidente também teria seu preço. Foi preciso uma conversa entre os dois, ainda na quinta-feira, 15, para que a situação fosse contornada.

Em um recuou estratégico, Bolsonaro amenizou o tom das declarações ao longo da manhã desta sexta-feira, 16, após ser avisado da revolta dos delegados. Disse, então, que aceitaria a indicação da cúpula da organização. Seu principal objetivo, a saída de Saadi, já havia sido atingido.

17/08/2019

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