Apesar de influências, Trump cumpriu promessa eleitoral sobre clima

Apesar de influências, Trump cumpriu promessa eleitoral sobre clima

A pressão para que Donald Trump mantivesse os EUA nos Acordos de Paris veio de todos os lados. Executivos-chefes de importantes empresas do Vale do Silício contactaram a Casa Branca para deixar claro o quão importante era a permanência americana no pacto internacional. Líderes europeus usaram uma cúpula do G7 para tentar convencer o presidente a manter o país no acordo. Até mesmo sua filha, Ivanka Trump, exortou empresários a assinarem uma carta — que se transformou num anúncio de página inteira no “Wall Street Journal” — tentando dissuadir Trump de seus planos. Mas, no fim, nada disso foi suficiente.

Mesmo após meses de discussões entre seus conselheiros, Trump — que sempre considerou o pacto um “acordo ruim” — manteve sua promessa de campanha, por acreditar que a permanência atingiria a economia americana, informa o Extra.

— Ele se manteve onde sempre esteve, e não foi por falta de opositores — diz sua conselheira Kellyanne Conway. — Ele tinha uma conclusão, e as evidências apresentadas a corroboraram.

A disputa colocou nomes como o diretor da Agência de Proteção Ambiental, Scott Pruitt; o estrategista-chefe da Casa Branca, Steve Bannon, e o conselheiro-chefe da Casa Branca, Don McGahn — defensores de uma retirada completa dos acordos — contra Ivanka, o conselheiro econômico de Trump, Gary Cohn, e o secretário de Estado, Rex Tillerson, que acreditavam que o presidente teria mais capacidade de manobra caso se mantivesse como um participante ativo do acordo climático.

Bannon, Pruitt e seus aliados vieram munidos de documentos e estatísticas — posteriormente rejeitados pelos opositores — ilustrando o impacto da permanência na economia americana, enquanto Ivanka reuniu um grupo de vozes que tentaram convencer Trump dos danos à imagem internacional dos EUA. Sua tentativa foi ignorada pelos defensores da saída que reduziram seus apelos a uma mera preocupação como “o que o mundo dirá dos EUA”. Até mesmo o genro e principal assessor do presidente, Jared Kushner, tentou convencer Trump a permanecer e renegociar os termos do acordo, mas pode ter sido traído por suas críticas ao pacto internacional, que classificou como “muito ruim”, repetindo as palavras do sogro.

Na Sicília, líderes internacionais tentaram convencê-lo usando argumentos morais. Se os EUA deixassem o acordo, questionou a chanceler alemã, Angela Merkel, qual seria a mensagem aos países da África, continente mais suscetível aos efeitos do aquecimento global, e a nações como Fiji, que correm o risco de desaparecer com a elevação dos níveis marítimos?

Outros tentaram argumentos políticos, questionando se os EUA estavam dispostos a preservar a liderança americana sobre o tema ou estavam dispostos a entregá-la à China ou à Índia. Houve ainda uma tentativa de convencê-lo pela economia. “Encorajando energia renovável, você impulsiona a economia, impulsiona a inovação e se mantém competitivo”, teria dito um dos líderes europeus presentes na cúpula do G7.

Um grupo menor pensou até mesmo em outra possibilidade: tratar o acordo como um tratado, e submetê-lo ao Senado. O chefe de Gabinete, Reince Priebus, e Nicka Ayers, estrategista do vice-presidente Mike Pence, apoiavam a ideia, mas ela nunca ganhou muito impulso, uma vez que o acordo fora especificamente elaborado para não precisar do aval do senadores.

Muitos desses argumentos reforçaram a posição inicial de Trump. Segundo Kellyanne, críticas à indústria do carvão o levaram a pensar que permanecer no acordo seria uma traição a seu eleitorado.

— Fui eleito para representar os cidadãos de Pittsburgh — afirmou o presidente ao anunciar, no jardim da Casa Branca, a retirada americana dos acordos. — Não de Paris.

03/06/2017

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