Alergia e intolerância: restrições fazem da alimentação de algumas pessoas um desafio

Comer é uma das coisas mais prazerosas que existe, a prova disso é que comer demais é o primeiro e mais grave pecado capital. Comer é muito além do prazer, é uma questão de sobrevivência. Ao longo da história os animais e humanos se alimentam de diversas formas: frutas, legumes e caça são os mais comuns. Com o tempo, alimentos mais complexos foram produzidos, e hoje existem infinitas possibilidades para matar a fome.

O que nós comemos hoje não é a mesma coisa, por exemplo, que nossos avós consumiam na década de 30. Isso porque a indústria alimentícia vem se distanciando cada vez mais dos produtos que a natureza oferece, aumentando a produção de industrializados e ultraprocessados. Com a grande variedade, a ideia é de múltiplas escolhas na hora de fazer o prato, mas será mesmo?

Existem alguns tipos de condições fisiológicas que limitam o consumo de alimento das pessoas, entre elas estão questões alérgicas. Algumas delas são consideradas verdadeiros desafios. A mais comum, que atinge cerca de 40% dos brasileiros, é a intolerância à lactose, enzima encontrada no leite e seus derivados. Aproximadamente 2% dos intolerantes podem desenvolver a forma grave da restrição, denominada alergia, de acordo com a Associação Nacional de Diabetes (Anad).

“Basicamente intolerâncias se tratam de carboidratos como por exemplo intolerância à lactose  – lactose é o carboidrato do leite – e alergias são a proteínas como por exemplo a alergia à proteína do leite, bem comum em crianças. O diagnóstico é feito através de um exame chamado teste de prick, onde é colocado no antebraço do paciente gotas da substância que possa ser a causadora de alergia e faz umas picadas com uma agulha e aguardar 20 minutos para observar a reação, se tiver, é positivo, o paciente tem intolerância ou alergia”, explicou o nutricionista Pedro Medeiros.

Nutricionista Pedro Medeiros fala sobre a diferença entre Alergia e Intolerância

“Soube que eu possuía restrição ao glúten e a lactose no mesmo dia, com 12 anos. Desde sempre apresentei sintomas, mas nunca liguei o que eu sentia com o que eu comia. Até que minha irmã descobriu que era celíaca, e então descobrimos que é genético, todos da minha família tem. Então, cortei o glúten e a lactose e hoje vivo uma vida normal, sem sintoma nenhum.”

Esse é o depoimento da Letícia Peixoto, que carrega consigo dois desafios em sua dieta: intolerância à lactose e ao glúten. Por mais simples que pareçam essas substâncias, elas estão presentes em grande parte dos alimentos. Um simples pão de queijo ou pão com queijo está proibido na mesa e no cardápio da Letícia.

“Na minha alimentação eu priorizo produtos naturais, ou aqueles que se comprometem com a causa dos celíacos e disponibilizam a lista de ingredientes usados no preparo daquele alimento. Mas a princípio são frutas, legumes, grãos, verduras e raízes. Algumas marcas possuem a opção de produtos como macarrão e pão na versão sem glúten, são itens mais caros, mas são opções.” detalhou a estudante.

Leticia Peixoto e seu xodó: macarrão sem glúten

Para manter a saúde em dia e fugir dos efeitos colaterais, a forma mais comum é a adaptação dos alimentos por meio de dietas prescritas por especialistas. 

“É importante procurar substituídos que entreguem uma contagem de vitaminas e minerais parecidas, ou até mesmo proteínas carboidratos e lipídios para que o paciente não sofra com a “perda” desse alimento no dia a dia. Não é mais preciso restringir tanto quanto alguns anos atrás, levando em consideração as possibilidades infinitas de alimentos que existem e as diversas formas de preparo, da tranquilamente para driblar a falta de qualquer substância.” afirmou o nutricionista.

Nathália Louise enfrenta diariamente um desafio: procurar em restaurantes e lanchonetes opções que atendam a suas duas restrições: Vegetarianismo e intolerância à lactose, para ela atitudes que remetam a solidariedade reforçam a inclusão são importantes no reconhecimento das restrições alimentares.

“Quando vou a algum lugar vegetariano, as pessoas acham que é apenas colocar queijo”, ou quando digo que sou intolerante a lactose as pessoas acham que é só comer “mais carne”. Alguns lugares não conseguem pensar além da caixinha e imaginar um amplo universo ou substituições práticas para atender a nós, restritos, então eu sempre carrego minha marmita de arroz e feijão comigo.” explica a estudante de Jornalismo.

Refeição diária de Nathalia Louise

Mas ao contrário do que muitas pessoas pensam, atualmente existem mais variedades para consumir, por exemplo, macarrão e pão sem glúten, e queijos sem lactose, assim como encontrar lugares que oferecem um cardápio especial, sem lactose, sem glúten e vegana. Alguns deles até, se especializam nessa culinária. 

Um desses restaurantes que se dedicaram à causa, é o Vegg Way, uma sanduicheria e pizzaria 100% vegana, que também atende aqueles que não podem consumir lactose. 

“A ideia de criar um espaço onde as pessoas vegetarianas ou com outras restrições pudessem se sentir em casa, surgiu da própria necessidade da minha família, que é vegetariana.  As opções que tínhamos, ou era inacessível, custo, ou o sabor não era muito legal, tendo em vista essa necessidade, e a de empreender, após a pesquisa de mercado achamos válida a ideia de abrir o negócio. E cá estamos nós”, afirmou Gabriel Torres, um dos donos da Vegg Way. 

O restaurante Vegg Way fica localizado no Truckzone, na Amélia Rosa

Gabriel relata que o vegetarianismo é também uma questão de adotar um estilo de vida mais saudável e que não atende apenas o público vegetariano e vegano, muitas pessoas frequentam o lugar fugindo de alimentos ultraprocessados e gordurosos.

“Muita gente que frequenta a nossa sanduicheria, está em busca de uma experiência alternativa. Mas claro que grande parte dos nossos clientes são restritos e ficam mais felizes por encontrar um cardápio onde eles não precisam perguntar ‘esse aqui tem leite?” Tudo aqui é feito pra eles, é só sentar e escolher o que tiver afim, sem se preocupar com o ingrediente.”, reforçou Gabriel.

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