Alemanha oferece 100 mil euros em caça a tunisiano por ataque em Berlim

Autoridades encontraram conexões entre Anis Amri e rede pró-Estado Islâmico

Autoridades alemãs intensificaram nesta quarta-feira a caça ao terrorista que matou 12 pessoas e feriu outras 48 ao avançar com um caminhão em um mercado de Natal em Berlim na noite de segunda-feira. O ministro do Interior, Thomas de Maizière, disse que um homem tunisiano está sendo procurado por suspeita de envolvimento no caso, mas sem confirmar a sua identidade. Ele foi identiificado posteriormente como Anis Amri, de 24 anos. As autoridades oferecem €100 mil por informações que levem a sua captura.

A rede CNN e um jornal alemão afirmaram que a polícia encontrou evidências de conexão entre o novo suspeito e uma rede pró-Estado Islâmico que opera na Alemanha — e que teve quatro membros presos em novembro. Na terça-feira, o grupo extremista reivindicou o atentado, dizendo que o motorista do caminhão era um dos seus soldados.

Segundo o governo, o suspeito tunisiano chegou a solicitar abrigo na Alemanha e o seu pedido foi negado — no entanto, ele não foi imediatamente expulso do país. Ele já havia usado várias identidades falsas, que incluiam seis nomes e três nacionalidades diferentes (tunisiana, egípcia e libanesa), de acordo com o mandado de prisão emitido pelas autoridades a que a Associated Press (AP) teve acesso. De acordo com a agência, no documento o suspeito é identificado como Anis Amri, como já havia sido adiantado pela imprensa alemã. A AP e o jornal alemão “Bild” publicaram fotos do suspeito.

À rede CNN, uma autoridade de segurança disse que ele já havia sido preso na cidade de Friedrichshafen, no Sul do país, em agosto com documentos falsos enquanto viajava à Itália. Ele foi posteriormente liberado por um juiz. Além disso, o mesmo suspeito já tinha sido alvo de suspeitas da polícia porque tentava conseguir uma arma, de acordo com a mesma autoridade. Há relatos ainda de que Anis tinha conexões com o líder religioso Abu Walaa, que foi preso em novembro, e alegadamente incentivaria fiéis a se juntar às linhas de combate na Síria.

As buscas pelo tunisiano começaram à meia-noite em todos os estados da zona de livre circulação da União Europeia (UE) após a polícia ter encontrado um documento de identidade embaixo do assento do motorista do caminhão, segundo o jornal “Der Spiegel”. Sem citar fontes, a publicação afirmou que o documento estava no nome de “Anis A.”, um homem nascido em Tataouine em 1992.

O jornal “Bild” afirmou, separadamente, que a polícia via o suspeito como um indivíduo possivelmente perigoso de uma grande rede de terrorismo islâmica. E, na noite de terça-feira, o diretor da Associação de Detetives Criminais da Alemanha, Andre Schulz, disse à televisão local que a polícia esperava fazer outra prisão em breve. Um homem foi preso nesta quarta-feira em suspeita de conexão ao ataque, mas foi solto pouco depois.

— Estou relativamente confiante de que talvez amanhã, ou no futuro próximo, poderemos apresentar um novo suspeito — afirmou Schulz na terça-feira.

Os investigadores não sabem ainda se mais de uma pessoa poderia ser responsável pelo massacre, que colocou a Alemanha em clima de alta tensão para as festas de fim de ano. A polícia afirma ter recebido 508 pistas sobre o ataque até a noite de terça-feira. No entanto, não está claro se a Procuradoria já tinha linhas de investigações concretas. Enquanto isso, pelo menos 12 pessoas continuam internadas nesta quarta-feira com graves ferimentos em decorrência do ataque, de acordo com o Ministério da Saúde.

Enquanto as autoridades alemãs se veem pressionadas a avançar nas investigações, o ministro do Interior fez um pronunciamento nesta quarta-feira. Maizière não quis confirmar ou negar especulações sobre a história, em um pedido de moderação da imprensa local para não atrapalhar as investigações.

— Eu peço que vocês entendam que está não é uma questão de especulação sobre essa pessoa. Eu não posso confirmar ou negar informações. Eu vou avisar de qualquer informações quando tivermos conhecimento de mais fatos, e não antes disso. O que é importante é o resultado e não a velocidade da especulação.

SEGURANÇA REFORÇADA

Na capital alemã, a polícia anunciou que aumentaria significativamente as medidas de segurança nos dias posteriores ao ataque. O chefe de polícia da cidade, Klaus Kandt, disse que serão construídas barreiras nas ruas para garantir mais segurança — incluindo no mercado de Striezel, um dos mais antigos da cidade.

O chefe do grupo de ministros do Interior dos 16 Estados federais alemães, Klaus Bouillon, disse que é necessário adotar medidas de segurança mais rígidas.

— Queremos aumentar a presença policial e fortalecer a proteção dos mercados natalinos. Teremos mais patrulhas. Os agentes terão metralhadoras. Queremos tornar o acesso aos mercados mais difícil, com veículos estacionados através deles — disse Bouillon ao jornal “Passauer Neue Presse”.

O chefe da procuradoria federal alemã, Peter Frank, também disse que os planos de segurança estão sendo revistos e pediu que as pessoas mantenham a calma. As comemorações para a véspera de Ano Novo estão mantidas, mas os procedimentos de segurança serão revistos.

— Nós enfrentamos um risco potencialmente sério — alertou Frank, alertando que a Alemanha deve se preparar para as festividades de fim de ano.

PRIMEIRO DETIDO FOI SOLTO

A Promotoria alemã soltou na terça-feira um homem detido na véspera, o primeiro suspeito do atentado contra o mercado de Natal. Segundo as autoridades, não havia provas suficientes contra ele. Mais cedo, a polícia já havia comunicado não ter certeza se o homem, um refugiado paquistanês, era mesmo o responsável pelo ataque. Segundo o ministro do Interior da Alemanha, Thomas de Maizière, o imigrante chegara à Alemanha em dezembro do ano passado e, em fevereiro, a Berlim. Ele chegou a se registrar para pedir abrigo no país, mas o processo não chegou a ser completado.

A libertação joga mais dúvidas sobre o caso e reforça a crença de que o responsável ainda está à solta. A polícia de Berlim pediu para que as pessoas denunciem qualquer movimentação suspeita e disponibilizem depoimentos, imagens e vídeos que possam ajudar na investigação, enquanto o clima de insegurança predomina na cidade.

O polonês Lukasz Urban, encontrado morto na cabine do caminhão utilizado no ataque de Berlim, era de fato o condutor original do veículo e seu corpo tinha sinais de golpes, assegurou a transportadora para a qual ele trabalhava. A crença da polícia é que o terrorista tenha sequestado o caminhão antes de usá-lo para atropelar a multidão do mercado. Segundo Ariel Zurawski, dono de uma empresa de transporte instalada perto de Gryfino, no noroeste da Polônia, o homem morto era seu primo, a quem conhecia desde a infância. Zurawski foi chamado no meio da noite pela polícia polonesa para identificar a vítima em uma foto.

— Vimos sinais de espancamento, está claro que lutou. Seu rosto estava sangrando, machucado. Havia uma ferida com uma faca. A polícia me disse que havia também um ferimento de bala — contou.

g1
21/12/2016

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