A mistura mortal de polícia e bandido

Na guerra urbana que se transformou a ‘cidade maravilhosa’, matar ou morrer é apenas uma questão de estar no lugar errado na hora errada.

Entrelaçada de morros, num contraste único de riqueza e pobreza, a cidade do Rio de Janeiro há décadas convive com uma guerra aberta, onde todos perdem.

De uns tempos para cá, policiais corruptos que antes recebiam propina de traficantes nos morros, decidiram que eles mesmo iriam comandar o tráfico, venda de gás, cobrar por habitação, ‘segurança’ e tudo que fosse antiga ‘atribuição’ dos chamados bandidos cariocas. Assim, a parte podre da polícia iria lucrar dividendos estratosféricos, sem nenhum intermediário.

Para garantir a expansão das áreas de dominação da chamada milícia carioca, policiais e ex-policiais utilizam o aparato do Estado para expulsar os traficantes raiz e instaurar nova dominação, sendo os agentes públicos responsáveis por toda a operação, dividindo lucro e recompensas, tendo a salvaguarda das corporações policiais para lhes proteger e ainda passarem a imagem de ‘homens de bem’.

Não pretendo entrar no mérito de quem é culpado ou inocente nesta briga desigual, onde os agentes públicos corruptos usam e abusam do seu poder de Estado para estabelecer dominação em praticamente metade das favelas da cidade do Rio de Janeiro.

Os primeiros grupos de milícias formados por policiais militares e outros agentes de segurança pública que se têm registro no Brasil, foram criados durante a ditadura militar (1964-1985).

A perpetuação deste esquema lucrativo de dominação por parte de policiais e ex-policiais está atualmente no seu ápice. Os milicianos não se limitam ao tráfico de drogas e extorsão desenfreadas. Eles também atuam abertamente na política, elegendo vereadores, deputados, senadores, governadores e até presidente da República.

Uma força poderosa que age com desenvoltura sob o manto do combate ao crime, vejam só. Esses bandidos fardados ou não são a grande chaga atual nos rincões urbanos Brasil a fora. Eles estão reproduzindo este tipo de organização em praticamente todo o país, criando um poder paralelo capaz de sabotar todo o espectro social ou político.

Nunca na história deste país tivemos tantos policiais com cargos públicos, muitos conseguidos através da intimidação nas comunidades carentes, onde a lei é feita com uma pistola na mão e um distintivo na outra.

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