11 anos após ter morrido, paciente é chamada para consulta pelo SUS

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Uma família de Alvorada, na Região Metropolitana de Porto Alegre, se surpreendeu ao receber a resposta sobre uma consulta médica para uma mulher que morreu há 11 anos. A carta endereçada a Zila Bueno da Silva foi enviada pela Secretaria Municipal de Saúde em 16 de dezembro.

Zila Bueno faleceu 11 anos antes de receber resposta (Foto: Arquivo Pessoal)
Zila Bueno faleceu 11 anos antes de receber
resposta sobre consulta (Foto: Arquivo Pessoal)

“Ela morreu em 2004 e 11 anos depois eles deram esse encaminhamento”, diz a microempreendedora Erni Hengen Almeida, filha da paciente. “A consulta para a qual ela recebeu o pedido de encaminhamento ocorreu no final de 2000 ou 2001, se não me engano.”

Ela diz que se sente revoltada não apenas pelo que considera um descaso por parte da prefeitura, mas também pelo fato da carta ter sido enviada na mesma época do ano do falecimento de sua mãe. “Ela morreu em outubro, e aí vem tudo de novo.”

Erni diz que essa não foi a primeira vez em que o retorno veio tarde.

“O encaminhamento era para um reumatologista e minha mãe morreu de pancreatite. Só que tenho um tio que teve um câncer no intestino e que recebeu a mesma correspondência um ano depois de ter morrido. Como ele não conseguiu a consulta, nós tivemos que pagar particular, ele ficou internado e acabou morrendo”, lamenta.

Resposta da prefeitura
De acordo com a coordenadora da central de marcação da prefeitura de Alvorada, Paloma Orige Comassetto, o encaminhamento de Zila foi incluído em uma pilha de arquivamento sem que se saiba exatamente por qual o motivo. “Como não se conseguiu contato com ela, a secretaria enviou a carta para saber se ela ainda precisa da consulta”, disse.

Segundo ela, o encaminhamento é feito pelo posto de saúde, para depois ser levado para a central de encaminhamento, onde três funcionárias são responsáveis pelo cadastramento no sistema. “É dada prioridade para os casos mais urgentes, conforme avaliação feita pelo médico responsável”, disse.

Os encaminhamentos levam em média 20 dias para serem cadastrados no sistema, porque muitos postos de saúde sequer possuem carro para encaminhar os pedidos para a central. Ainda de acordo com a coordenadora, 1,2 mil pessoas podem receber comunicados semelhantes para consultas com reumatologistas.

Ela diz que as equipes estão trabalhando até nos finais de semana para atender a demanda pendente. Cerca de 7,1 mil encaminhamentos para cirurgia geral, cirurgia plástica e para consultas com especialistas do aparelho digestivo estão pendentes de cadastro.

G1

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