Voluntários dão festa de 15 anos para menina com câncer

Cerca de 150 pessoas ajudaram a montar a comemoração.
Steffani Alves foi diagnosticada com linfoma não-Hodgkin e faz quimioterapia.

Nada de celular novo ou maquiagem cara. O único pedido de aniversário de Steffani Alves Pires, diagnosticada com linfoma não-Hodgkin em junho do ano passado, é saúde. Com a ajuda de uma força-tarefa de 150 voluntários, a jovem de 15 anos fez a sua festa de debutante com direito a valsa e vestido de princesa.

A comemoração foi em uma chácara em Itu (SP), no fim de semana, véspera do aniversário, dia 19 de fevereiro. Apesar de saber da festa e ter escolhido alguns detalhes, como as cores da decoração e os doces, a jovem conta que se surpreendeu.

“Fiquei muito feliz, não imaginava que seria desse jeito. Quando falaram que teria a festa não acreditei muito, só quando começaram a perguntar sobre os detalhes. Não esquecerei. Agora, quero ter muita saúde”, afirma a menina.

Ainda emocionada com a festa, a mãe da jovem diz não saber como agradecer todos os envolvidos. “Se não fosse Deus e eles, não poderíamos proporcionar isso a ela. São pessoas que não conhecemos a muito tempo e já têm um carinho por ela. O mundo é cheio de tanta coisa ruim, mas ainda tem pessoas boas”, diz Viviane Cristina Alves Pires.

Sonho realizado
O planejamento da festa começou há três meses a partir da iniciativa dos amigos Célio Cotting, Débora Librelon Gondim e Darlene Ludwig. Antes mesmo de conhecer a jovem pessoalmente, Célio conta que abraçou o sonho da estudante e buscou apoio de outros profissionais da cidade. “Postei a história no Facebook e na hora começou a aparecer gente querendo ajudar”, conta o paisagista.

Desde o local para a festa, passando pelos salgados e doces, até a maquiagem da aniversariante, tudo foi resultado de doação. Segundo o paisagista, a comemoração sairia cerca de R$ 60 mil se não tivesse o apoio dos colaboradores.

Além da parte estrutural da comemoração, algumas surpresas deixaram a noite ainda mais emocionante. O cantor Rick Solo gravou um vídeo para a aniversariante cantando a música “Filha”, 15 amigas prepararam uma dança para a festa e usaram camisetas com a foto de Steffani. Mas para a debutante, o momento mais importante foi a troca de vestido e a entrada com os pais. “Quando vi o meu pai entrando, eu ali com a minha mãe, não aguentei e chorei”, conta.

Diagnóstico
Os primeiros sintomas do linfoma apareceram no fim de 2015, quando Steffani começou a sentir falta de ar e exames indicaram problemas no coração. A suspeita era de uma endocardite cardíaca, por isso a jovem passou três meses internada na Santa Casa de Sorocaba (SP). Durante esse tempo, os médicos descobriram fraturas na costela, ainda sem saber que um tumor crescia nas costas da garota e havia prejudicado os ossos.

Em seguida, Steffani passou mais um mês internada no Hospital Regional de Sorocaba, onde, segundo a mãe da jovem, trataram o caso como tuberculose óssea.

“Ela não andava, tomava banho na cama e comia por sonda. Chegou a emagrecer mais de 20 quilos, foi piorando e achei que fosse perder minha filha… Mas anjos apareceram em nossas vidas”, afirma Viviane, referindo-se a um cardiologista que encaminhou a menina ao Hospital do Grupo de Pesquisa e Assistência ao Câncer Infantil (Gpaci). Diante dos exames, a orientação dos profissionais era iniciar o tratamento de quimioterapia o quanto antes.

“O resultado da biópsia ainda não havia chegado, mas autorizamos o tratamento. Nunca perdi a fé. Os médicos disseram que o linfoma estava avançado e era para orarmos, porque a chance era pouca”, explica a mãe de Steffani. A última etapa de quimioterapia encerra nesta sexta-feira (24) e novos exames devem apontar a evolução do caso.

Segundo o oncologista e diretor clínico do Gpaci, Gustavo Ribeiro Neves, o linfoma diagnosticado em Steffani surgiu na região torácica e o atraso no início do tratamento correto fez com que a doença avançasse. A equipe médica do hospital vai continuar acompanhando a paciente. “Ela tem 50% de chance de cura, chegou muito debilitada e, agora, está fisicamente ótima”, finaliza.

Planos
Perder o cabelo foi uma das etapas do tratamento pelo qual Steffani passou. Ela conta que assumiu a “carequinha” depois de ver o resultado do ensaio de fotos feito para o aniversário; presente do fotógrafo Juca Ferreira. “Foi muito difícil no começo perder o cabelo. Tentei usar peruca, mas incomoda. Até usei lenços, só que quando vi as fotos achei mais bonito sem nada.”

Depois de ganhar peso e sentir-me melhor para retomar a rotina, uma das metas de 2017 da jovem é voltar à escola, de onde está afastada há quase dois anos. Graças a ajuda dos professores que atuam dentro do Gpaci, Steffani conseguiu seguir os estudos e passou para o 1° ano do ensino médico. “Quero ser arquiteta ou médica veterinária”, afirma.

g1

23/02/2017

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