Suspeito de matar torcedor do Bahia tem prisão preventiva decretada, diz delegada

Crime ocorreu em Salvador, no domingo (9), após clássico na Arena Fonte Nova.

A Justiça da Bahia determinou a prisão preventiva do jovem de 25 anos suspeito de participar da morte do torcedor do Bahia Carlos Henrique de Deus, de 17 anos, em Salvador. A decisão foi tomada na manhã desta terça-feira (11), durante audiência de custódia, segundo informou a delegada Patrícia Ribeiro, da 3ª Delegacia de Homicídios, que investiga o crime.

De acordo com a delegada, Pietro Henrique Caribé Pereira (foto), que foi preso em flagrante na segunda-feira (10) e estava na carceragem do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), foi encaminhado ao sistema prisional. A namorada do suspeito e o irmão dela prestam depoimento no DHPP nesta terça-feira.

Segundo a delegada, durante depoimento na segunda-feira, o suspeito negou envolvimento no crime, mas foi reconhecido por testemunhas e identificado por Isaías Sousa Santos, que é amigo de Carlos e que também foi baleado no ataque, mas sobreviveu.

Conforme a polícia, Pietro já tem passagem por furto de veículos e chegou a ficar dez dias preso, em fevereiro desse ano, por agressão e roubo contra outro torcedor do Bahia, durante uma briga.

A delegada Patrícia Brito informou que o suspeito é estudante de direito, motorista do Uber e segurança de uma faculdade particular da capital baiana. No entanto, em contato com o G1, a assessoria do Uber informou que Pietro foi desligado do serviço de transporte por aplicativo, mas não especificou quando.

Crime
O crime ocorreu logo depois do final do jogo entre Bahia e Vitória, que se enfrentaram pelo Campeonato Baiano, no domingo (9), na Arena Fonte Nova. Segundo a polícia, Carlos e o amigo Isaías tinham acabado de sair do estádio, na região do Dique do Tororó, e seguiam à pé pela Avenida Vasco da Gama, junto com outros torcedores do Bahia — a torcida tricolocar foi a primeira a deixar o estádio após o jogo. Carlos e Isaías estavam com a camisa do clube.

Em seguida, segundo a polícia, dois ônibus da torcida “Os Imbatíveis”, do Vitória, e dois carros acompanharam os torcedores do Bahia e os cercaram perto de um posto de combustível. Conforme a investigação, Pietro estava em um dos carros com outras quatro pessoas.

“Não foi algo marcado anteriormente. A vítima e o suspeito não tinham nenhuma rixa por conta de alguma situação anterior. Não tinham rivalidade. O que houve foi o encontro entre esses torcedores, após o jogo, e o confronto que terminou com um morto e outro baleado. Ficamos sabendo que uma menina também tinha sido baleada na situação, mas ainda não conseguimos localizá-la”, afirmou a delegada Patrícia Brito.

Após se ver cercado pelos torcedores do Vitória, segundo a polícia, os dois amigos e os demais torcedores do Bahia se assustaram e começaram a correr. Carlos tentou se esconder no lava jato do posto, mas segundo a polícia, foi perseguido, espancado e morto com três tiros.

A delegada diz que todas as informações levantadas pela polícia foram com base no depoimento de testemunhas e do amigo de Carlos que sobreviveu ao ataque. “Ele [o suspeito preso] não admite, mas as pessoas ouvidas, entre elas a vítima sobrevivente, o reconheceram como sendo um dos autores dos disparos”, destacou.

A outra pessoa que também teria disparado tiros contra as vítimas, segundo a polícia, estaria no carro com Pietro e é procurada pela polícia, assim como os demais ocupantes do veículo, por estarem presentes na situação. A delegada busca ainda por imagens das câmeras de segurança da região para identificar outros possíveis suspeitos. Nenhuma arma que teria sido utilizada no crime foi encontrada ainda, segundo a polícia.

De acordo com a polícia, Pietro disse que foi integrante de Os Imbatíveis até o dia 17 de fevereiro deste ano, quando foi preso por envolvimento em uma briga com um torcedor do Bahia. Ele disse que desde então não faz mais parte da torcida organizada, mas que continua indo aos jogos do Vitória.

O advogado de Pietro, Antônio Glorisman, nega envolvimento do cliente no crime. Ele disse que Pietro foi ver o jogo, no domingo, com a namorada e com o cunhado e que, depois da partida, foi para a casa da mãe, no bairro do Garcia. Duas horas depois de chegar na casa da mãe, segundo o advogado, Pietro foi para a casa da namorada, no bairro de Cajazeiras, onde passou a noite. Ele retornou para a casa da mãe depois que a polícia foi até lá para prendê-lo.

Segundo a delegada, Patrícia Brito, Pietro achou que a polícia tinha ido atrás dele para o levar para uma audiência marcada para esta segunda-feira por conta do crime cometido por ele em fevereiro contra um torcedor do Bahia. Pietro responde por esse crime em liberdade após ficar dez dias preso e ter sido liberado após o pagamento de fiança.

Pressentimento
Em entrevista à TV Bahia, o pai de Carlos Henrique disse que teve um pressentimento no dia do jogo e pediu ao filho para não ir ao estádio. O adolescente foi enterrado na tarde da segunda-feira no cemitério do Campo Santo, no bairro da Federação, em Salvador.

“Eu estava com um pressentimento ontem. ‘Não vá para esse jogo’, [eu disse]. ‘Mas já comprei o ingresso’, [respondeu Carlos]”, afirma o pai dele, José Carlos de Deus. O jovem era torcedor do Bahia e na próxima quinta-feira (13) iria completar 18 anos. Como presente, pediu aos pais a liberação para assistir ao jogo. Carlos era filho único.

“BA-VI da paz? Que paz? levou meu filho”, desabafa o pai. “Meu filho nem bebe, quem dirás ser de torcida organizada. Meu filho foi mais uma vítima dessa violência em Salvador. O que estou sentindo hoje, amanhã pode ser qualquer um que vai sentir da mesma forma”, afirma o pai.

O tio do adolescente morto, Jorge Santos, conta que o filho também foi ao estádio, com outro amigo que foi baleado. “Passou esse carro, saltou e já foi dando tiro. Todo mundo no corre-corre, mas ele é tão tranquilo que ficou sem saber onde correr”, relatou.

g1

11/04/2017

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