Sobreviventes de incêndio em Londres encaram preconceito

Sobreviventes de incêndio em Londres encaram preconceito

Não bastasse o sofrimento de perder suas casas, quase perder a vida e ver 79 vizinhos mortos, os sobreviventes do incêndio na Grenfell Tower, em Londres, enfrentam agora a resistência de parte dos moradores do luxuoso bairro de Kensington. Na quarta-feira, o governo britânico anunciou a compra de 68 apartamentos de um edifício sofisticado para as vítimas desabrigadas do prédio incinerado, que abrigava, na maioria, famílias de renda mais baixa.

Segundo a emissora britânica “BBC”, os apartamentos comprados pelo órgão municipal de Londres são de dois e três quartos, com preços a partir de 1,5 milhão de libras (R$ 6,3 milhões) — equipados com recepção 24 horas, piscina, sauna, spa e cinema privado. Mas a chegada dos novos vizinhos dividiu os moradores de Kensington, segundo o diário “Independent”.

“North Kensington não é Kensington (área da torre). Eles deveriam estar em um lugar em que ficassem felizes. Não os quero aqui. Todos eles não podem esperar ser realojados nessa parte de Londres. Alguém precisa pagar por isso. Se eles não têm dinheiro para arcar com o aluguel, que paguem o aluguel em outro lugar”, opinou uma idosa, identificada como Anna, que vive no bairro há 40 anos, atesta o Extra.

Uma amiga da moradora descontente a interrompeu para discordar. “Mas para onde eles vão? Eles não podem ficar nas ruas”, ressalvou Margaret, mais piedosa.

Enquanto uns celebraram a solução habitacional — o começo de uma resposta institucional à negligência de vistorias e padrões de segurança apontada pelas autoridades na torre, outros reclamaram do que chamaram de assistencialismo do governo e destilaram preconceito contra os sobreviventes.

“Eles dizem ‘Você ouviu como eles vão deixar essas pessoas que não trabalham viver em apartamentos de luxo?’. Dizem que eles (sobreviventes) se apoiam muito no governo,reclamam que pagam cinco mil libras para viver. Eu só penso ‘Meu Deus…’. Essas pessoas já não sofreram o suficiente?”, relatou uma moradora, não identificada e enojada com os comentários.

22/06/2017

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