Renan o campeão de inquéritos torce contra Temer

Às vésperas da votação no plenário da Câmara da denúncia contra o presidente Michel Temer, o PMDB vê o cerco contra a cúpula do partido se fechar. Seis senadores e dois dos principais aliados do presidente já são alvo de 24 inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) e um deles, o senador Valdir Raupp (RO), já é réu numa ação penal. Boa parte das investigações foi autorizada este ano pelo Supremo, três anos após a Lava-Jato ter revelado o loteamento da Petrobras para servir a três partidos — PT, PMDB e PP.

Nem todas as delações que citam os peemedebistas surgiram sob o guarda-chuva da Lava-Jato, mas a operação continua a abrir novas frentes. Na semana passada, a confissão do lobista Jorge Luz ao juiz Sergio Moro trouxe à tona uma conta do PMDB na Suíça, que, segundo ele, era movimentada pelo deputado Aníbal Gomes (CE), braço direito do senador Renan Calheiros (AL).

RENAN, O CAMPEÃO DE INQUÉRITOS

No grupo, Renan é o campeão de inquéritos. É alvo de dez investigações no STF. Em quatro delas, outros caciques do partido, como os senadores Edison Lobão (MA), Romero Jucá (RR), Jader Barbalho (PA) e Raupp (RO), também são investigados. As acusações vão da suposta formação de organização criminosa para atuar no esquema de corrupção da Petrobras à venda de modificações em Medidas Provisórias.

Na última sexta-feira, a Polícia Federal sugeriu arquivar um dos inquéritos, com base em gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, que sugeriam atuação dos peemedebistas para dificultar as investigações. A PF entendeu que não havia provas. Renan é acusado de ter recebido R$ 800 mil de propina da Transpetro na forma de doação ‘legal’.

Numa das primeiras delações contra Renan na Lava-Jato, Carlos Rocha, o Ceará, que transportava dinheiro para o doleiro Alberto Youssef, contou ter entregado R$ 1,5 milhão num hotel de luxo em Curitiba. O doleiro disse que desconhecia o destinatário e a denúncia foi arquivada.

A “dupla sertaneja”, Jucá e Renan são ainda acusados por delatores da Odebrecht de terem recebido R$ 5 milhões para ajudar a aprovar a MP 627/2013, que isentou de tributos os lucros operações de óleo e gás no exterior. Segundo o executivo Cláudio Melo, Jucá — investigado em oito inquéritos — era o arrecadador do PMDB e responsável por dividir o dinheiro recebido. Na negociação de apenas duas MPs, Jucá teria amealhado R$ 9 milhões da empreiteira.

Na última quinta-feira, Luz disse ter repassado R$ 11,5 milhões de propina a Aníbal, Renan e Jader Barbalho entre 2005 e 2006. Em troca dos valores, os políticos teriam apoiado a presença de Paulo Roberto Costa e Nestor Cerveró na diretoria da Petrobras. Barbalho é citado em duas investigações sobre a atuação da cúpula do PMDB no Senado na Petrobras.

SEGUE O JOGO

Na segunda (24) , o ministro do Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello concluiu a revisão de seu voto no julgamento de dezembro do ano passado em que o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu abrir ação penal e tornar o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) réu numa ação penal por peculato (desvio de dinheiro público).

O peemedebista é acusado de destinar parte da verba indenizatória do Senado (destinada a despesas de gabinete) para uma locadora de veículos que, segundo a Procuradoria Geral da República (PGR), não prestou os serviços. No total, o senador pagou R$ 44,8 mil à Costa Dourada Veículos, de Maceió, entre janeiro e julho de 2005. Em agosto daquele ano, a empresa emprestou R$ 178,1 mil ao senador.

A denúncia, apresentada em 2013, remonta a episódio no qual Renan era suspeito de prestar informações falsas ao Senado em 2007, ao tentar comprovar ter recursos suficientes para pagar a pensão de uma filha que teve com a jornalista Mônica Veloso. À época, havia a suspeita de que a despesa era paga por um lobista da construtora Mendes Júnior.

O QUE DIZEM OS PEEMEDEBISTAS

O senador Eunício Oliveira foi delatado pelos empresários Emílio e Marcelo Odebrecht, que apontaram pagamentos ao senador, Renan e Jucá relacionados a aprovação de Medidas Provisórias que beneficiaram o grupo entre 2009 e 2013. Apenas uma delas teria rendido R$ 7 milhões ao grupo, com R$ 2 milhões destinados a Eunício.

Barbalho afirmou que as investigações são baseadas apenas nas palavras de delatores e não chegarão a fato algum. Em nota, o presidente do Senado, Eunício Oliveira, disse que acredita que as investigações fazem parte do caminho natural do rito processual e que “a verdade prevalecerá”.

O senador Valdir Raupp diz que as acusações são infundadas e sem provas. O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que defende Lobão e Jucá, rebateu as acusações.

— Os inquéritos que chegaram ao final da investigação foram devidamente arquivados. Quanto aos demais, que estão em andamento, em nenhum deles há nenhum apontamento concreto contra o senador Lobão ou o senador Jucá.

O senador Renan Calheiros informou que é investigado com base em deduções de que pessoas pediam dinheiro em nome dele: “As delações que me citam não chegam com provas e nem documentos (…) São mentiras deslavadas, situações inventadas por criminosos confessos que querem se livrar da prisão”. Será ?

O deputado federal Aníbal Gomes não foi encontrado para comentar o assunto.

Redação com informações O Globo

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