Reforma política prevê mandato de 10 anos para ministros do STF

A comissão especial da Câmara que analisa propostas de reforma política manteve nesta quinta-feira (10) trecho do relatório do deputado Vicente Cândido (PT-SP) que prevê mandato de dez anos para integrantes de tribunais superiores, como o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Atualmente, segundo emenda constitucional promulgada em 2015, ministros de tribunais superiores e do Tribunal de Contas da União (TCU) têm de se aposentar compulsoriamente aos 75 anos.

Na prática, todos os membros do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal Militar e do Tribunal de Contas da União (TCU) terão mandatos de 10 anos. Nos casos dos outros órgãos, a limitação valerá somente para os indicados pelo Ministério Público ou representantes dos advogados, atesta o G1.

O mandato dos membros dos tribunais eleitorais será de quatro anos, sem possibilidade de recondução. Na regra atual, eles têm mandato de dois anos, que podem ser prolongados por mais dois anos.

A regra não valerá para os membros atuais dos tribunais. Somente aqueles indicados após a possível promulgação da proposta passarão a ter o limite de mandato.

Na manhã desta quinta, os deputados federais rejeitaram proposta que tentava retirar esse ponto do parecer final da comissão. Para virar lei, o projeto ainda tem que ser votado pelos plenários da Câmara e do Senado.

Na votação, somente o PSB encaminhou voto contra a limitação de mandato para os magistrados de tribunais superiores.

O PSDB liberou a bancada para votar como quiser. Ao orientar pela liberação dos votos da bancada, o deputado Marcus Pestana (PSDB-MG), que é a favor da limitação dos mandatos, defendeu que a proposta fosse analisada separadamente em outro momento.

“Isso pode contaminar a matéria”, avaliou. “O prazo já é curto, a matéria já é polêmica, aí você traz uma matéria um pouco estranha à reforma política”, disse.

Ainda não há previsão de quando a reforma política será analisada por deputados e senadores, mas, para valer já na eleição do ano que vem, o texto tem que ser sancionado pelo presidente da República até a primeira semana de outubro.

Na madrugada desta quinta, a comissão especial da reforma política aprovou o texto-base do relatório de Vicente Cândido. No entanto, os deputados ainda têm que analisar as propostas de mudanças no texto antes de a votação ser concluída.

A votação sobre o mandato para magistrados de tribunais superiores foi a única que não teve registro nominal do voto de cada deputado.

O pedido para que a decisão fosse simbólica – no qual há a aprovação do texto desde que a maioria dos parlamentares não se manifeste contrária à proposta – foi do deputado Afonso Motta (PDT-RS).

Presidente da comissão especial, o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) autorizou que a votação não fosse nominal.

A mesma regra vai impactar tribunais de contas dos estados e dos municípios, tribunais regionais federais e dos estados. Pelo projeto, os juízes dos tribunais eleitorais terão mandato de quatro anos.

Sobre a presença desse tema específico em uma proposta de reforma política, o relator Vicente Cândido explicou que, inicialmente, o colegiado trataria de uma reforma eleitoral, política e de Estado. “Isso foi mudando, mas alguns itens ficaram”, disse.

Cândido disse que conversou com ministros do Supremo e juízes, que concordam com a proposta.

“É uma medida boa, é uma medida que oxigena os tribunais. Essa vitaliciedade não é condizente com o processo democrático”, afirmou.

“Tem ministro que não aguenta ficar 40 anos na Corte. Dizem – uma professora minha, quando eu estudava na faculdade – que melhor que ser ministro é ser ex-ministro. Tem um monte de gente querendo ser ex-ministro para trabalhar no mercado, cuidar da família, ganhar dinheiro”, completou o relator.

10/08/2017

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