POLÍTICA – Diretor da Braskem evita responder perguntas em CPI no Senado, mas reconhece culpa pelo afundamento de bairros em Maceió

Na sessão realizada nesta quarta-feira (10), o diretor global de pessoas, comunicação, marketing e relações com a imprensa da Braskem, Marcelo Arantes, foi o primeiro representante da empresa a prestar depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado que investiga as responsabilidades da petroquímica no afundamento de bairros em Maceió, Alagoas. Porém, Arantes evitou responder a grande parte das perguntas feitas pelos senadores, utilizando frequentemente a frase “Excelência, desconheço a informação” para se esquivar.

Apesar disso, o representante da Braskem reconheceu a culpa da empresa pelo problema que resultou no deslocamento de aproximadamente 40 mil pessoas na capital alagoana. Ele afirmou que a companhia assumiu a responsabilidade pelos danos causados e está empenhada em reparar, mitigar e compensar as consequências do ocorrido. Essas declarações foram consideradas importantes pelo relator da CPI, senador Rogério Carvalho, que destacou que esta foi a primeira vez que um representante da Braskem admitiu a culpa publicamente.

No entanto, o senador Carvalho também levantou questões técnicas durante a sessão, citando a falta de profissionais qualificados nas minas de sal-gema em Maceió, a redução de investimentos previstos e a suspeita de que a empresa desligava os pressurizadores durante a noite para economizar energia, aumentando o risco de instabilidade no solo. O diretor Marcelo Arantes afirmou que tais questões deveriam ser respondidas pelo vice-presidente da companhia, Marcelo Cerqueira.

Um dos pontos de destaque foi a aprovação de um requerimento para convocar Marcelo Cerqueira a depor como testemunha na Comissão, após a falta de respostas por parte de Arantes. Além disso, foi discutida a polêmica em torno dos acordos firmados entre a Braskem e as vítimas do desastre, com denúncias de que os moradores foram pressionados a vender seus imóveis por valores baixos e com poucas indenizações por danos morais.

Apesar das justificativas da Braskem de que os acordos foram voluntários e que as famílias tiveram apoio jurídico, as críticas persistem, com alegações de pressão indireta para aceitação das propostas. O senador Carvalho revelou que, em alguns casos, foram oferecidos valores baixos para indenizações, chegando a apenas R$ 25 mil por residência. Por outro lado, a Braskem informou que mais de 19 mil propostas foram apresentadas, com 95% das indenizações já pagas, totalizando cerca de R$15,5 bilhões provisionados pela empresa.

Diante das lacunas nas respostas prestadas pelos representantes da Braskem, a CPI promete continuar aprofundando as investigações para esclarecer todos os aspectos relacionados ao caso do afundamento dos bairros em Maceió e garantir a justiça e reparação necessárias às vítimas.

Jornal Rede Repórter - Click e confira!




Botão Voltar ao topo