Assim como o paulistano João Victor Fagundes Nascimento, centenas de garotos e garotas começaram a caminhar e fazer novos amigos graças ao jogo
Apenas duas semanas após o lançamento no Brasil e pouco mais de um mês em outros países, como Estados Unidos e Austrália, Pokémon Go é sucesso mundial. Felizmente, o game de realidade ampliada vai muito além de um simples jogo virtual — tem contribuído (e muito) para tirar crianças e adolescentes da toca. Graças ao jogo, muitos garotos e garotas passaram a ter mais facilidade para fazer amigos e estão praticando exercícios.
Isso porque, para caçar os Pokémons, os jogadores precisam caminhar nas ruas e colocar o celular à frente dos olhos para encontrar e caçar “bichinhos” escondidos em diferentes locais. O Parque do Ibirapuera, em São Paulo, por exemplo, é um local que tem atraído uma grande quantidade de jogadores devido a sua grande concentração de Pokémons.
“O João passava muito tempo em casa jogando no computador. Eu vivia pedindo para ele sair mais, passear com os amigos, e nada. No primeiro final de semana que chegou o Pokémon, pediu para ir ao Ibirapuera. Ele acordou cedo no sábado e disse que ia no parque sozinho. No domingo, idem. Isso nunca tinha acontecido”, relata Paulo Augusto Nascimento, pai do adolescente.
O jogo também facilita a sociabilização. “Um dia, estava no ônibus e comecei a conversar com um grupo que também estava jogando. Ficamos amigos, já fomos até jogar bola. Também comecei a conversar com colegas diferentes na escola. Até porque eles podem te ajudar no jogo, avisando quando tem Pokémon em algum lugar.”, conta João.
Benefícios para a saúde
Os Pokémons tendem a ser encontrados perto de seu “habitat natural”, logo, os mais interessantes estão em parques ou perto de árvores, lagos e rios. Estudos recentes mostraram que apenas 30 minutos por semana de exposição à natureza pode beneficiar a saúde mental das pessoas.
Passar mais tempo ao ar livre também pode contribuir para regular o nível de vitamina D no organismo. O composto, cuja fonte principal é o sol, protege contra males ligados ao sistema ósseo, ajuda no combate ao diabetes e fortalece o sistema imunológico.
Recentemente, o prestigioso periódico científico BMJ abordou a relação do game com a saúde. Escreveu a médica Margaret McCartney: “O Pokémon Go não é comercializado como um aplicativo de saúde, mas os jogadores acabam fazendo caminhadas. As possibilidades de os jogos agora tornarem as ruas um playground ativo, com diversão interligada, serão ilimitadas.”
O jogo também tem incentivado pacientes infantis hospitalizados a sair do leito. Nos Estados Unidos, o hospital infantil C.S. Mott Children’s, no estado de Michigan, teve a ideia de incentivar os pacientes mirins a baixarem o jogo para tentar tirá-los da cama com mais frequência.
O local tem uma série de pokestops – local onde os jogadores podem se abastecer de pokebolas – e as crianças andam pelos corredores para encontrar os monstrinhos.
Segundo o gerente de mídia digital do hospital e especialista em vida de crianças J.J. Bouchard, graças ao jogo os pacientes passaram a se comunicar mais dentro do hospital e a rotina mudou completamente.
“É uma forma divertida de incentivar os pacientes a se locomoverem pelo hospital. Este aplicativo está sendo capaz de tirar as crianças da cama e fazer elas andarem”, contou.
Segurança
Por outro lado, nem tudo são flores e a maior preocupação é em relação à segurança. “Tem os dois lados. Dei graças a Deus que o João saiu de casa, mas a gente fica preocupada com assalto né?”, conta Cleuza Fagundes da Silva, mãe de João. Não é para menos, seja no Brasil, nos EUA ou em Londres, os bandidos estão se aproveitando da distração dos jogadores de Pokémon Go para “caçar” alguns celulares.
Veja
18/08/16