Pneumologista do HGE alerta que alérgicos e asmáticos evitem fogueiras

Crianças e idosos são os que mais sofrem com a fumaça que é característica do período

Quanto menor a idade, maior o sofrimento, já que nas crianças as vias respiratórias são mais estreitas. Fotos: Olival Santos

Os mais tradicionais batem o pé: no São João nada de fogueira ecológica, canjica diet e comemoração sem fogos de artifício. Festa de verdade, defendem eles, tem que ter cheirinho de milho assado no ar, pamonha quentinha, bandeirolas coloridas e muita lenha para aquecer a folia e o coração.

No entanto, fogueira queimando em homenagem a São João, para algumas famílias, só se for nos versos imortalizados por Luiz Gonzaga. No período das festas juninas, elas são elementos de comemoração mais presentes, mas o pneumologista Luiz Cláudio Bastos, do Hospital Geral do Estado (HGE), alerta que os alérgicos e asmáticos devem tomar alguns cuidados. “A proximidade com fumaça torna-se uma verdadeira angústia para as pessoas com problemas respiratórios, podendo causar asma, rinites e alergias oculares”, destaca o médico.

O especialista adverte que os pais devem atentar para a inalação da fumaça emitida pelas fogueiras, principalmente aquelas cujos filhos possuem alergias ou problemas respiratórios. “Qualquer pessoa em contato com a fumaça das fogueiras pode desenvolver uma crise de cansaço. Porém, as crianças com diagnóstico de asma ou de síndrome do bebê chiador (caracterizado por cansaços frequentes) estão mais predispostas a ter uma crise nesta época”, explicou. A fumaça é considerada um irritante respiratório.

De acordo com Bastos, em contato com a fumaça, pessoas com rinite alérgica podem desenvolver quadros bastante desconfortáveis, acompanhados de coriza, coceira no nariz, nos olhos e nos ouvidos, espirros contínuos e obstrução nasal. Já os asmáticos, podem apresentar tosse seca, chiado no peito, dor torácica e dificuldade respiratória.

E vale ressaltar que, até quem não tem alergias, corre o risco de apresentar sintomas semelhantes ao da rinite e da asma, ainda que menos intensos, quando entram em contanto com a fumaça. E quanto menor a idade, maior o sofrimento, já que nas crianças as vias respiratórias são mais estreitas. “Em crianças menores, qualquer quantidade de estímulo é suficiente para provocar um edema ou fazer com que a secreção obstrua as vias aéreas, o que vai favorecer o aparecimento da crise de cansaço”, ressaltou o pneumologista.

Bastos afirmou, ainda, que o problema maior causado pela inalação de fumaça está naquelas que se encontram nos extremos de idade. “O idoso já tem um pulmão debilitado e, na medida em que é exposto à fumaça, desenvolve um quadro mais grave de insuficiência respiratória”, esclarece. Quem sofre do coração também é prejudicado, podendo vir a desenvolver insuficiência cardíaca quando exposto à fumaça. “Se o indivíduo já tem uma deficiência no coração, quando ele é exposto à fumaça, esse músculo começa a bater mais rápido do que o normal, fazendo com que o tecido muscular exija mais oxigênio”, destacou.

Dentro de casa – O pneumologista fez questão de ressaltar que, caso não seja possível os alérgicos e asmáticos se afastarem dos focos de fumaça, eles devem fechar portas e janelas, colocando toalhas molhadas nas frestas para impedir a entrada da fumaça, além de sempre fazer uma limpeza no chão da casa e ter em mãos a medicação certa.

Cuidado redobrado nas festas juninas

Para a maioria dos alagoanos, junho é o mês de dançar muito forró, comer comidas à base de milho e, principalmente, acender fogueiras. Mas, para Isabela Castro, de 38 anos, é época de ficar mais atenta à saúde de seus filhos – Daniel, de 2 anos, e Mariana, de apenas cinco meses, que, mesmo sendo um bebê, já foi diagnosticada com alergia desde os dois.

Em razão da fumaça das fogueiras no período junino, ela é consciente de que, se não tiver cuidado, o primogênito, sobretudo, terá suas crises de rinite, sinusite e asma de forma acentuada. Isabela convive com a rinite crônica do filho desde que ele tinha oito meses de vida.

Segundo ela, não há um mês em que a criança não tenha uma crise. “Geralmente, as crises de rinite que ele tem sempre acabam evoluindo para uma sinusite. Então, além de todos os remédios e antialérgicos que ele usa constantemente, precisa, também, tomar antibióticos”, contou.

“Ele tosse, coriza, chia, ronca, e também perde o apetite, pois não consegue se alimentar direito. E, quando chega à noite, ele não dorme porque não consegue respirar por conta da secreção”, acrescentou, com tom de preocupação, dizendo que o marido já chegou a pagar R$ 600 em medicação para os pequenos, devido aos seus problemas respiratórios.

Sabendo da sensibilidade dos filhos à fumaça, e a outros elementos, como poeira e mofo, ela e toda a família, preferem não expor às crianças aos riscos e já planejam passar o São João na casa de sua irmã, que, por sinal, é sua vizinha. “Evito o contato com fogueiras e fogos por causa dos problemas alérgicos”, disse.

“Às vezes a gente coloca toalhas molhadas nas frestas, tanto das portas, quanto das janelas, para o cheiro não impregnar na casa. Além disso, ficamos preocupados com a limpeza do lar, pois fuligens da fogueira ficam concentradas nos móveis e também na cama. Temos de trocar os forros e as fronhas diariamente nesse período”, contou. Para os pais de crianças que não cansam, o pneumologista Luiz Cláudio Bastos orienta que se evitem locais com muita exposição à fumaça, principalmente se os filhos tiverem menos de cinco anos. No caso das crianças com asma ou síndrome do bebê chiador, o ideal, segundo ele, é mesmo procurar locais onde não são realizadas festas juninas.

Ascom – 18/06/2017

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