A destituição de Strickland foi confirmada em nota pelo Vaticano neste sábado, 11. “O Santo Padre dispensou Joseph E. Strickland do governo pastoral da diocese de Tyler (EUA)”, afirmou o Vaticano em comunicado.
Especialistas apontam que a dispensa é rara, uma vez que normalmente os bispos são afastados ou orientados a renunciar, sendo a destituição a última medida quando o religioso se recusa a fazer o pedido.
A decisão incomum foi tomada após o papa Francisco enviar dois bispos norte-americanos à diocese de Strickland, no Texas, em junho. O Vaticano não informou as razões da visitação apostólica nem as conclusões dos bispos, mas segundo a agência Reuters, a ação fez parte de uma investigação sobre a gestão financeira da diocese.
O papa argentino vem adotando medidas para tornar a Igreja mais inclusiva e aberta, enfrentando a oposição de setores mais conservadores. Durante uma reunião dos padres jesuítas em Lisboa, o pontífice lamentou a “atitude fortemente reacionária” de alguns católicos e declarou que é necessário “entender que existe uma evolução apropriada na forma de abordar os temas da fé e da moralidade”.
Os críticos acusam o pontífice de contrariar as principais crenças católicas, principalmente com relação ao aborto, além de condenarem o excesso de tolerância com a comunidade LGBTQIA+ e pessoas divorciadas.
No início deste ano, em uma mensagem no antigo Twitter, Strickland acusou o papa de “minar o depósito da fé”. Em setembro, o bispo comentou os rumores de que estava sendo encorajado a renunciar e afirmou que não poderia abandonar o seu rebanho, respeitando a autoridade do papa Francisco se fosse destituído de seus poderes como bispo de Tyler.
A diocese de Tyler, que conta com mais de 120 mil católicos em uma população de cerca de 1,4 milhão de habitantes, confirmou a destituição e informou que o bispo de Austin, Joe Vasquez, foi nomeado administrador apostólico da diocese. Strickland não fez comentários sobre a demissão.