Como resultado da operação, a PF aplicou medidas restritivas a Bolsonaro, incluindo a proibição de deixar o país, de se comunicar com demais investigados, nem por meio de advogados, e a entrega do passaporte no prazo de 24 horas.
Segundo as investigações, Bolsonaro teria recebido um documento de Filipe Martins, na época assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, que detalhava considerações a respeito de supostas interferências do Poder Judiciário no Executivo. Este documento propunha a prisão de autoridades, como os ministros do STF Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, além do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Bolsonaro teria lido o documento e solicitado mudanças, incluindo a retirada da ordem de prisão de Mendes e Pacheco, mantendo no texto apenas a prisão de Moraes.
A ação da PF também foi embasada em um vídeo apreendido no computador do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, que registrou uma reunião realizada em 5 de julho de 2022 no Palácio do Planalto, sobre a estratégia ofensiva ao TSE e à credibilidade das urnas. O registro mostra que o então presidente estava exaltado com a possibilidade de perder a eleição para Luiz Inácio Lula da Silva e queria que os ministros tomassem providências contra o TSE.
De acordo com a Polícia Federal, a descrição da reunião de 5 de julho de 2022 revela o arranjo de dinâmica golpista, no âmbito da alta cúpula do governo, manifestando-se todos os investigados que dela tomaram parte no sentido de validar e amplificar a desinformação e as narrativas fraudulentas sobre as eleições e a Justiça eleitoral, inclusive lançadas contra Luiz Inácio Lula da Silva, contra o Tribunal Superior Eleitoral, seus ministros e contra ministros do Supremo Tribunal Federal. O caso continua em andamento, e é possível que mais detalhes venham à tona nos próximos dias.