O Dia do Atentado, com Mark Whalberg, recria ataques terroristas da Maratona de Boston

Diretor Peter Berg segue transformando fatos históricos recentes em um espetáculo de exaltação humana.

Nas mãos do diretor Peter Berg, fatos históricos recentes tornam-se um espetáculo de exaltação humana. Foi assim com a missão que capturou o líder do Talibã Ahmad Shah, em 2005, retratada no filme “O Grande Herói”; e também um acidente que causou o maior derramamento de óleo nas costas do EUA, em 2010, mostrado em “Horizonte Profundo: Desastre no Golfo”. “O dia do atentado”, como é de se esperar, também dramatiza um fato real, o ataque terrorista na Maratona de Boston, em 15 de abril de 2013.

De acordo com o G1, escrito por Berg, Matt Cook e Joshua Zetumer, o longa acompanha desde a preparação da maratona e dos ataques e até alguns dias depois, durante a caçada aos terroristas responsáveis pela tragédia, que resultou na morte da três pessoas e centenas de feridos. O diretor adota um tom bastante sóbrio na construção da narrativa e dos personagens para um filme que facilmente cairia na grandiloquência e nos excessos de patriotismo e efeitos nas mãos de, digamos, Michael Bay.

A sobriedade é bem-vinda aqui, numa história que, inevitavelmente, irá chegar ao espírito heroico e resiliente dos americanos. Berg poderia ter pego mais pesado, mas é até comedido – apesar de um longo prólogo, com entrevistas com pessoas reais (vítimas, policiais), ser um tanto excessivo. O diretor mira em algo, em alguns momentos, à la o cinema verité de Paul Greengrass – especialmente “Voo United 93” – ao lado do interesse nos dramas humanos.

Isso inclui principalmente o protagonista, interpretado por Mark Whalberg, que, aliás, é nativo de Boston. O personagem dele, o sargento da polícia Tommy Saunders, é uma figura ficcional que serve como uma espécie de aglutinador da trama, organizando os diversos pontos de vista. Por outro lado, é o menos interessante e menos desenvolvido que aqueles baseados em figuras reais. Talvez a ideia de Berg e do próprio Whalberg aqui seja a de não roubar a cena das pessoas realmente envolvidas nos atentados – especialmente as vítimas e investigadores.

A princípio, Saunders se sente ofendido quando é escalado para trabalhar na segurança da corrida, sem imaginar como aquele dia chegaria ao fim. Ele mesmo luta contra um ferimento que o faz mancar, mas acaba envolvendo-se na investigação posterior – depois de participar ativamente no cenário das duas explosões, que ocorreram quando o primeiro colocado já havia cruzado a linha de chegada e quase 6 mil competidores ainda estavam correndo pelo circuito nas ruas da cidade.

Entra em cena também o FBI, comandado por um agente especial interpretado por Kevin Bacon, que num galpão monta um QG, para prosseguir com as investigações. Mas o que interessa a Berg é a caçada humana, que transforma “O Dia do Atentado” num filme de ação competente e tenso.

Por outro lado, os terroristas, os irmãos Tamerlan (Themo Melikidze) e Dzhokhar Tsarnaev (Alex Wolff), recebem um retrato um pouco raso, servindo apenas como vilões ou catalizadores para um movimento que irá unir toda a cidade sob o slogan “Boston Strong”, depois dos atentados.

A direção de fotografia do alemão Tobias A. Schliessl (“A Bela e a Fera”) conta com bastante imagens tremidas e câmera na mão e outras aéreas – ambas são eficientes para dar conta da sensação de confusão, destruição e desespero diante das inesperadas explosões. Durante cerca de seus primeiros 25 minutos, o longa é uma panela de pressão prestes a explodir (especialmente porque sabemos o que irá acontecer). Quando isso finalmente acontece o filme diz a que veio.

11/05/2017

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