Ministério Público mobiliza servidores e sociedade para conscientizar sobre a prevenção ao suicídio

Uma palavra, um sorriso, um abraço, o simples gesto de parar e ouvir. Isso pode fazer a diferença na vida das pessoas que sofrem em silêncio e precisam de ajuda. Com essa convicção, o Ministério Público do Estado de Alagoas (MPE/AL), colocou na rua a campanha Setembro Amarelo, que simboliza a prevenção ao suicídio e, por meio de palestras, divulgação em redes sociais tenta chamar a atenção da sociedade para a gravidade do problema. Na sexta-feira (14), no Auditório Edgar Valente de Liam Filho, promotores de Justiça e psicólogos discutiram a problemática. O evento teve a abertura presidida pelo procurador-geral de Justiça, em exercício, Luiz Carnaúba.

“O suicídio é justamente a disponibilidade que o ser humano tem sobre o seu corpo, a antecipação do fim da sua vida. A discussão foi muito oportuna e serviu não somente para os membros e servidores, mas para o público em geral a respeito da possibilidade de se evitar o suicídio.

A depressão hoje é algo muito evidente e o Ministério Público marca mais uma vez presença na vida da sociedade. Ele tem se voltado sempre mais para o social, abraçando os cidadãos desprezados por quem de direito, estamos firmes e fortes no sentido de prestar a melhor assistência às famílias alagoanas”, enfatiza Luiz Carnaúba.

A coordenadora do encontro, a promotora Maria José Alves, que teve um exemplo, recentemente, na família, e ainda estava abalada, enfatizou a necessidade de se ter um olhar mais do que especial para perceber que alguém precisa de socorro.

“Às vezes, as pessoas dão sinais e não percebemos. Um sorriso faz a diferença. A dor está aqui, impossível dizer que ela não existe, mas eu precisava vir porque não posso me afastar dessa luta. Ela é de todos nós”, afirma a promotora.

Já a promotora de Justiça, Viviane Karla, lembrou a sequência de casos em Arapiraca, região Agreste de Alagoas, somente neste ano nove, e frisou que o suicídio influencia outras pessoas pela prática e estas vão sendo colocadas em grupo de risco.

“O MP não pode se furtar ao papel de defensor da vida. Essa é a missão de todos que o integramos, a de salvar a sociedade carente de tempo, de amor. E, talvez, sejamos os olhos e ouvidos dela”, ressalta Viviane Karla.

Para o promotor de Justiça , Paulo Henrique Carvalho, o capitalismo agressivo e predatório vem adoecendo as pessoas. Ele afirma que o tema é muito complexo, porque o suicídio mata mais que o álcool e o trânsito.

“Esse problema não está sendo tratado com a devida responsabilidade que deviam, não conseguimos reduzir os índices. Precisamos voltar à cultura do diálogo e encarar ”, disse o promotor.

Ele foi enfático, lembrando o papel do poder público na assistência à sociedade e cobrou maior atenção.

“Infelizmente, em Maceió, apesar do empenho do Ministério Público, ainda detectamos carência. Isso é angustiante e precisamos convencer o poder público de que é preciso investir em equipamentos adequados para a tratar a saúde mental porque estamos muito aquém, apesar de existir, inclusive, pessoas que trabalham voluntariamente. E o MP demonstra aqui que está atento e empenhado para transformar esse quadro”, assegura o promotor Paulo Henrique.

Representando a Superintendência de Atenção Psicossocial, da Secretaria de Estado da Saúde, a psicóloga Laeuz Farias, elogiou a iniciativa da instituição e reconheceu que Alagoas ainda não tem uma política voltada para a prevenção ao suicídio.

“Vivemos um momento de extrema intolerância e preconceito e pagamos o preço da evolução, da tecnologia. É preciso buscar as pessoas para o diálogo e fazer com que o amor e a tolerância imperem. Precisamos de políticas voltadas para a prevenção ao suicídio, o que temos para ofertar ainda é pouco diante da evolução do problema. O Ministério Público está de parabéns, torcemos que ele não pare e possamos nos fazer mais humanos”, ressalta Laeuza Farias.

A palestra contou, também com a presença de dois grandes psicólogos, um deles o dr. Hamilton Júnior Amaranto. Ele entende que é preciso quebrar paradigmas e acabar com a ideia de que falar sobre suicídio gera mais suicídio.

“Precisamos entender de outra forma para poder termos resultados positivos na prevenção e combate. Outra coisa muito importante, absorver que o suicídio não é falta de Deus, nem falta do que fazer, que é preciso somente ajuda. Ser ouvido por alguém que perceba os problemas e depois encaminhar a pessoa a profissionais é o caminho”, declara Amaranto. O psicólogo lembrou do número de referência 188 que tem equipe 24 horas para escutar quem precisa.

Bastante envolvido com o tema, o psicólogo Ilton Santos do Nascimento Filho, chama a atenção para o problema dentro de casa.

“O suicídio é um tema reflexivo e precisa ser debatido. É preciso um filtro maior e não da forma que está ocorrendo, pois o assunto merece um olhar mais clínico par a situação. Porque, às vezes, o problema está dentro da própria casa”, reforça Ilton Filho.

O presidente do Simpeal, Dogival Júnior, também externou preocupação com a questão em debate e deixou uma mensagem para os participantes.

“Olhem para quem estar ao lado, oferte um gesto carinhoso, um abraço faz a diferença. É preciso pararmos e ouvir; é preciso elogiar, pautar nossas vidas pelo amor e gentileza”, conclui Dogival,

A promotora Maria José orientou ao público que cobrasse atuação dos representantes do Ministério Público em seus municípios.

“Temos o dever de servir, de cuidar da sociedade. E ela precisa nos provoca. Tenho convicção de que nenhum colega vai se omitir, estará sempre disponível para ajudar. Porque o Ministério Público, incansavelmente, busca alternativas para garantir direitos e cidadania”, enfatiza a promotora.

Ascom – 17/09/2018

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