Massa se mostra favorável à privatização de Interlagos e prevê longo hiato brasileiro na F-1

Menos de uma semana depois de anunciar sua aposentadoria da Fórmula 1, Felipe Massa correrá (novamente) em seu último Grande Prêmio do Brasil, em Interlagos, neste fim de semana. Aos 36 anos, o brasileiro faz suas últimas duas corridas na principal categoria do automobilismo mundial.

Em São Paulo, Massa falou com o ESPN.com.br sobre seus últimos instantes na Fórmula 1, planos para o futuro, automobilismo brasileiro e até sobre privatização do autódromo de Interlagos. Veja abaixo como foi a conversa.

Você chegou a declarar que gostaria de continuar mais um ano na Fórmula 1, mas depois voltou atrás e anunciou sua aposentadoria de novo. O que aconteceu no meio do caminho para você tomar essa decisão?

Aconteceu que eu estou me sentindo bem, guiando bem. Sem dúvida o carro desse ano, por todas as mudanças que tiveram, me dá prazer em guiar. Mas lógico que eu gostaria de continuar se tivesse os caminhos para continuar numa equipe boa, numa equipe decente como é a Williams. E no final eu vi que a situação era um pouco diferente. Dei para a Williams uma data, até a corrida do Brasil para eles me responderem qual o caminho da equipe e a equipe mesmo não sabe 100% qual vai ser o caminho deles. E sem dúvida eu acredito que não estou nesse caminho da equipe e decidi parar e seguir o que eu disse há um ano.

Você sentiu que nas negociações não foi valorizado como deveria ser?

Acredito que cada empresa tem um caminho, uma direção para seguir e tem muitos fatores em volta para uma decisão de uma equipe. Estou feliz com meu caminho daqui para frente e pronto para a próxima fase da vida.

Ano passado você teve uma despedida emocionante no Grande Prêmio do Brasil. Espera algo parecido esse ano?

Acho algo parecido muito difícil porque sem dúvida o que eu vivi, pela maneira que aconteceu, foi algo que nunca aconteceu na Fórmula 1, uma despedida como aquela. Eu não preciso de despedida, já foi suficiente aquilo que aconteceu no ano passado. Agradecer a torcida. A última corrida em Interlagos é sempre emocionante para qualquer piloto brasileiro. Tentar fazer uma boa corrida, um bom resultado, é tudo aquilo que eu quero.

O que você acha que esse ano acrescentou para a sua carreira?

Acrescentou a experiência de guiar um carro diferente, com muito mais pressão aerodinâmica, com os pneus mais largos. É um carro que foi um prazer muito grande correr esse ano. Foi uma experiência que eu fiquei muito feliz.

Você pegou pouco tempo de Fórmula 1 com a Liberty. O que acha do novo grupo que comanda a Fórmula 1 e como prevê o futuro da categoria com eles?

Eu achei que está sendo uma mudança muito importante para a Fórmula 1, uma mudança positiva. Em tantas áreas que têm que mudar na Fórmula 1, tem que ser um pouco mais voltada ao público, fazer um pouco mais de show. Sem dúvida a Liberty está estudando e mudando muitas coisas que é importante para o futuro da F-1. Está sendo bacana. A gente está vendo a Liberty fazendo muitas mudanças para as pessoas, para as famílias, para o público ter mais o que fazer no fim de semana de corrida, se divertir, não só apenas a corrida, mas tantas coisas em volta. Os shows estão sendo importantes. Acho que a Liberty está entrando num lado que é mais o nosso mundo de hoje, de mídias sociais. São coisas que estão acontecendo e acredito que devem acontecer muito mais mudanças ainda para o futuro da categoria.

O prefeito de São Paulo (João Dória, do PSDB), já disse que esse deve ser o último GP do Brasil antes da privatização do autódromo. O que pensa sobre isso?

Eu acho que se for uma privatização para o bem de Interlagos, o bem do autódromo, fazer mais eventos, mais corridas, mais eventos em geral…se for por um lado positivo, empresas que tenham uma função bem importante, usando a pista de Interlagos para fazer com que aumente ainda mais eventos e shows e que seja para uma questão positiva, é bem-vindo.

Seu companheiro Lance Stroll certamente evoluiu ao longo da temporada em seu ano de estreia. Você chegou a passar conselhos para ele?

Eu passei muitos conselhos. Sem dúvida ele teve uma evolução importante desde o começo até agora. Cresceu, evoluiu, ficou mais tranquilo depois que alguns bons resultados começaram a acontecer. A gente tem uma ótima relação. E acho que está evoluindo bem pelo jeito que ele começou que não foi tão bom. Tem sido bacana acompanhar a evolução dele.

2017 marca o aniversário de 20 anos do último título da Williams. Você acha que a equipe pode voltar a figurar entre as grandes no futuro?

Eu acho que num futuro próximo não é tão simples porque é uma empresa menor do que as equipes grandes que estão disputando campeonato e vem vencendo campeonatos nos últimos anos. É uma diferença no lado financeiro muito grande, de pessoas trabalhando em tantas áreas importantes como a Mercedes, Ferrari, Red Bull. Muito mais engenheiros, muito mais possibilidades, além de vir de uma fábrica que constrói o próprio carro. Sem dúvida tem muito chão pela frente.

O Brasil vai ficar sem representantes na Fórmula 1 pela primeira vez desde 1970. Na sua opinião, qual o motivo disso?

Tem muita coisa acontecendo há muito tempo do lado de federações, empresas, categorias, onde a gente não tem mais nenhuma categoria no Brasil para criar pilotos, saindo do kart. Sem dúvida muitas coisas aconteceram nos últimos anos. Não nos últimos dois anos, nos últimos 10 anos, que não foi positivo para continuar criando pilotos brasileiros. Tomara que alguma coisa aconteça para mudar isso. Mas a chance de não ter nenhum brasileiro na Fórmula 1 durante um tempo é possível, tomara que isso não aconteça. Mas tomara que nossa escola de pilotos melhore.

Quem você acha que será o próximo brasileiro na F-1 e quanto tempo deve demorar para ele chegar lá?

No momento é difícil ter um nome que tenha chance de chegar na Fórmula 1 tão cedo pelos resultados. Então é difícil achar um nome.

Pretende no futuro ajudar o automobilismo brasileiro fora das pistas?

É difícil dizer agora. Mas sem dúvida a experiência e possibilidades para que alguma coisa possa acontecer para ajudar o automobilismo brasileiro se eu for importante e útil, por que não?

Fórmula E, ano sabático…quando você vai anunciar o que vai fazer em 2018?

Eu acho que a hora que eu tiver uma coisa certa, uma coisa concreta. No momento não tem nada e é esperar o tempo que vai chegar para ter uma decisão daquilo que eu vou fazer do lado das pistas.

Ano passado sua despedida foi emocionante e vimos até a equipe Mercedes inteira, onde você nunca trabalhou, te aplaudindo. Por que você acha que as pessoas na Fórmula 1 têm esse carinho com você?

Eu sempre respeitei muito as pessoas com quem eu trabalhei ou não trabalhei. Sempre tentei ser o mais humilde possível e respeitar as pessoas. E acredito que as pessoas tenham um carinho por mim. É incrível a sensação, principalmente do lado humano como eu senti no ano passado no Brasil, em Abu Dhabi. E na relação que as pessoas tem comigo é sempre bacana de ver. Eu tenho só que agradecer a todos os anos que a gente passou junto, pela torcida em geral. E tomara que a gente tenha ótimas disputas e bons resultados nessas últimas duas corridas.

09/11/2017

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