Idosos começam a receber perdas da poupança causadas por planos econômicos

Em pouco mais de dois meses, mais de 60 mil pessoas que sofreram perdas na poupança por causa de correção aplicada nos planos Bresser, Verão e Collor 2 já se cadastraram na plataforma de adesão ao acordo, firmado entre o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), a Frente Brasileira Pelos Poupadores (FEBRAPO) e a Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN). Ao todo, cerca de 3 milhões de pessoas serão beneficiadas, envolvendo um milhão de processos.

A adesão à plataforma e ao acordo é totalmente gratuita e, na última semana, foram feitos mais de 600 solicitações de cadastramento por dia. Os pedidos de habilitação serão processados, analisados e pagos por lotes, de acordo com o ano de nascimento do poupador, começando pelos de mais idade. Até o momento, já foram liberados para se cadastrar os três primeiros lotes de poupadores, que incluem pessoas nascidas até 1938, ou seja, aqueles com 80 anos ou mais.

Após 25 anos de espera, o dentista Waldo Antônio Nahur, de 80 anos, finalmente conseguiu receber o prejuízo que teve devido ao Plano Bresser. Ele aderiu a uma ação coletiva organizada pela Febrapo e, no dia de seu aniversário, embolsou, após os descontos dos honorários jurídicos, cerca de R$ 9mil reais. O dinheiro, guardado com muito sacrifício durante o tempo de trabalho, era para ter uma aposentadoria digna, mas hoje não serve nem para pagar cinco parcelas do plano de saúde, o qual custa R$1900 por mês, informa o Extra.

Já o advogado Aimone Oliveira, de 76 anos, foi afetado pelo Plano Verão e entrou com uma ação individual contra o Bradesco em 2009. Ele ganhou, em uma execução provisória, o direito de receber aproximadamente R$630 mil mas, como o banco não realizou o pagamento de forma voluntária no prazo estipulado, o valor foi penhorado e está à disposição da justiça. Em decorrência do estresse do processo, o idoso caiu do alto de uma escada na residência da filha e precisou ser internado, sob suspeita de hemorragia interna. Para custear as despesas médicas – e por não ter plano de saúde – conseguiu a liberação pela justiça de R$ 37 mil reais. No entanto, segundo sua advogada Michelle Siqueira, a instituição financeira contesta os cálculos e está solicitando a devolução da quantia já recebida.

– Foi um ato de humanidade da juíza Dra. Virgínia Lúcia Lima conceder o dinheiro para o pagamento do tratamento. O dinheiro é deles e, nada mais justo, que eles possam usufruir em vida – opinou a advogada.

A reportagem entrou em contato com o banco Bradesco para uma resposta sobre o caso do idoso, mas não teve retorno até o fechamento da edição.

Caso algum idoso faleça antes de ser contemplado, os herdeiros podem receber o a quantia. Entretanto, segundo Michelle, o processo pode se delongar por mais 10 anos no mínimo, já que é preciso comprovar a morte, a legitimidade dos herdeiros, reunir a documentação deles e habilitá-los para o recebimento.

Os pagamentos serão realizados por meio de depósito judicial ou em conta-corrente da seguinte forma:

Confira o cronograma de liberação do cadastramento:

11/08/2018

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