Gravidez na adolescência: pesquisa revela que 20% das mães não sabiam evitar filhos; impacto econômico é de R$1,2 bilhões.

Gravidez na Adolescência: Um Olhar Sobre a Realidade Brasileira

Para muitas mulheres adultas, a gravidez é planejada e as fases da gestação são rodeadas pela ansiedade do nascimento do bebê. Entretanto, quando a gravidez ocorre na adolescência, o gestar se torna algo preocupante e incerto. No Brasil, diariamente, nascem cerca de mil bebês filhos de mães adolescentes, e uma pesquisa recente revelou que 20% delas afirmaram não saber como evitar filhos.

O pediatra Tiago Dalcin, líder do projeto Adolescentes Mães do Hospital Moinhos de Vento, ressalta a importância de discutir a gravidez na adolescência e olhar para as mães adolescentes. “Hoje temos o dobro dos nascidos vivos destas jovens em comparação a países desenvolvidos”, destaca o profissional. Entre agosto de 2022 e maio de 2023, as vozes de 1.177 mulheres de cinco regiões do país foram ouvidas pelo Projeto Adolescentes Mães, liderado pelo Hospital Moinhos de Vento por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS) do Ministério da Saúde.

Durante o estudo, a equipe do projeto realizou entrevistas com 1.177 mães, divididas em duas categorias: adolescentes de 10 a 19 anos de idade (49,5%) e adultas de 20 a 29 anos (50,4%). Foi constatado que a maioria das participantes se considera parda e há uma prevalência de mães solteiras, tanto entre as adolescentes quanto entre as adultas.

A pesquisa mostrou que a idade média da primeira relação sexual das mães adolescentes foi de 14 anos, com a primeira gestação aos 16. Além disso, a maioria das adolescentes classificou as informações sobre sexualidade que obtiveram como ausentes e confusas. Menos da metade das entrevistadas era bem informada antes de engravidar, e a principal fonte era de familiares. Pouco mais da metade das mães adolescentes (55,4%) fazia uso de anticoncepção antes da gestação.

Os impactos sociais, emocionais e econômicos da gestação na adolescência também foram evidenciados pela pesquisa. A mudança impactou a vida social das meninas, que consideram a vida mais difícil e afirmam ter perdido amigos após a gestação. Além disso, foram identificados altos índices de depressão, ansiedade e estresse entre as mães adolescentes.

Em adição aos impactos emocionais e sociais, o estudo identificou que o impacto econômico da gestação na adolescência é de mais de R$ 1,2 bilhões, recursos que poderiam ser realocados em estratégias para prevenção de gestação nesta faixa etária.

Diante destes resultados, fica evidente a necessidade de aprimorar ações educativas e de saúde voltadas para as adolescentes, visando fornecer informações sobre sexualidade e contracepção, bem como apoio emocional e econômico para as jovens mães. O estudo reforça a importância de discutir e enfrentar a realidade da gravidez na adolescência, buscando soluções que visem o bem-estar e o desenvolvimento saudável das mães e de seus filhos.

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