Escola de samba Portela promove projeto Por Direitos e debate temas como racismo e intolerância religiosa.

A escola de samba Portela, desde sua origem, sempre esteve diretamente ligada à valorização da cultura negra. E agora, após escolher o enredo para o carnaval de 2024, baseado no livro “Um Defeito da Cor”, de Ana Maria Gonçalves, a agremiação está reforçando ainda mais seu papel cultural e político ao compartilhar o Projeto Portela por Direitos.

O projeto tem como objetivo promover rodas de conversa sobre direitos humanos no Rio de Janeiro. Os temas discutidos estão relacionados à efetivação de direitos humanos, como racismo, reparação e intolerância religiosa. A ideia é mobilizar a comunidade e criar iniciativas que levem à concretização desses direitos.

Segundo Hellen Mary, diretora do Departamento de Cidadania da escola, essa responsabilidade social vem de longa data. Ela destaca que todas as escolas de samba têm o papel de promover conhecimento e letramento em suas comunidades. E o projeto Portela por Direitos é uma forma de exercer essa responsabilidade.

O projeto foi criado a partir da percepção da diretora Hellen Mary de que faltava algo que tratasse do conhecimento dos direitos e deveres da população negra, mesmo com tantas atividades promovidas na quadra da Portela. Em parceria com o procurador Júlio Araújo, o projeto começou a ser elaborado, e sua primeira edição ocorreu em junho deste ano.

Além das rodas de conversa, o departamento de cidadania da Portela oferece diversas atividades à comunidade, como tratamento dentário, pré-vestibular social, aulas de dança afro, capoeira, balé, rodas de psicanálise e do jongo, além de uma sala de leitura na biblioteca.

A segunda edição do projeto Portela por Direitos discutiu o tema “Escravidão e reparação: herança de preto, coragem no medo”. A roda de conversa reuniu membros da comunidade da Portela e os procuradores da República Júlio Araújo e Jaime Mitropoulos, que representaram o MPF. Foram compartilhadas experiências e trajetórias relacionadas à afirmação da negritude e à luta antirracista.

A diretora Hellen Mary ressalta a importância do conhecimento e do fortalecimento da comunidade negra. Ela afirma que é necessário ocupar espaços e conhecer os direitos e deveres para combater a humilhação e a discriminação sofridas historicamente. E o projeto Portela por Direitos tem exatamente esse objetivo, fortalecer a reflexão e valorizar as escolas de samba como espaços de conhecimento.

Para ampliar as discussões, uma audiência pública será realizada em novembro, com a participação de representantes do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania e da OAB. O procurador Júlio Araújo espera que a audiência resulte em propostas de políticas públicas relacionadas ao racismo, escravidão e reparação.

O projeto Portela por Direitos está desempenhando um papel fundamental ao promover debates sobre direitos humanos e valorizar a cultura negra. A iniciativa também destaca a importância das escolas de samba como espaços de conhecimento e mobilização social. A partir do diálogo entre a comunidade e as instituições, busca-se fortalecer a luta por direitos e promover políticas públicas mais inclusivas e igualitárias. A terceira edição do projeto está prevista para dezembro e abordará novos temas relevantes para a sociedade.

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