Empresários vão discutir parceria contra roubo de cargas

Cansados de amargar um prejuízo milionário com os constantes roubos de cargas e de esperar a ação do Estado, os empresários do setor vão se encontrar com a cúpula da segurança, nesta quarta-feira, para começar a alinhavar uma parceria na qual entrariam com os recursos financeiros e a polícia com o planejamento e o efetivo das ações de patrulhamento. A intenção é montar um esquema de policiamento de comboio, feito 24h, em três importantes vias que concentram altos índices de ocorrências. São elas, a Avenida Brasil, no Rio, no trecho entre os bairros da Penha e Bangu; o Arco Metropolitano e Via Light, ambas na Baixada Fluminense, em toda a extensão. Caso a ideia não prospere, o setor ameaça uma paralisação, por tempo indeterminado, a partir do dia 21 de agosto, podendo gerar desabastecimento na cidade.

— Queremos alinhavar a melhoria do policiamento nessas vias para reforçar o cinturão de segurança que está sendo feito nas rodovias federais (pela Polícia Rodoviária Federal). Com isso, acreditamos que vai haver uma redução no roubo de cargas. Os empresários estão se mobilizando para ajudar a segurança pública com recursos materiais e também no pagamento dos policiais que irão ser utilizados nesse patrulhamento, durante a sua folga. A polícia atravessa um momento difícil, de falta de recursos humanos e materiais, e só assim vamos conseguir fazer com que haja um policiamento mais efetivo para combater esse tipo de crime — explica Venâncio Moura, diretor de segurança do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística (Sindicarga).

Numa série de reportagens publicadas no começo de maio, o EXTRA mostou que a cidade perde R$ 852 mil por dia com o roubo de cargas. Somente no ano passado, quando foram registrados 9.862 ocorrências, o rombo causado por este tipo de crime foi de R$ 311 milhões. Dados recentes do Instituto de Segurança Pública (ISP), relativos a maio último, mostram que naquele mês essa atividade criminosa apresentou crescimento de 68.8%, no compartivo com o mesmo mês de 2016, saltando de 734, para 1.239 (505 ocorrências a mais). No acumulado de janeiro a maio, foram 4.196 ocorrências, esse ano, contra as 3.450 do mesmo período do ano passado, num aumento de 21,6%.

— Nossa expectativa com o resultado da reunião desta quarta-feira é positiva. Algo precisa ser feito e nossa principal preocupação é com prazo. As ações precisam ser imediatas. Não podem demorar muito. Esperamos que, no máximo em 30 dias, a gente já tenha concretizado todo esse aparato que estamos planejando — avalia Venâncio Moura, que teve uma conversa preliminar sobre o assunto nesta segunda-feira com o comandante-geral da PM, Coronel Wolney Dias.

Segundo Venâncio Moura, no encontro de quarta-feira, programado para ocorrer às 15h, no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), no Centro, devem participar o secretário de Estado de Segurança, Roberto Sá; o comandante-geral da PM, coronel Wolney Dias, o chefe da Polícia Civil, Carlos Augusto Neto Leba, representantes da PRF, do Sindicarga e da Federação do Transporte de Carga do Estado do Rio de Janeiro (Fetranscargas). Ele disse que também foram convidados a Associação de Supermercados, Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), Bolsa de Gêneros Alimentícios, Associação de Atacadistas Distribuidores do Estado do Rio de Janeiro (Aderj) e seguradoras. A ideia é que esses órgãos, também afetados direta e indiretamente pelo roubo de cargas, unam forças para bancar o projeto de segurança presente nas vias com maior incidência de roubos.

Moura conta com a aceitação da proposta para desmobilizar a paralisação programada para agosto e que, segundo ele, vai impedir a chegada de mercadorias até o consumidor. O movimento foi decidido numa reunião realizada na quinta-feira passada, após a constatação de que os produtos de outros estados não estão chegando ao Rio de Janeiro, porque os motoristas estão com medo de ser alvo dos ladrões. De acordo com o diretor do Sindicarga, as seguradoras também se recusam o renovar as apólices, fazendo com que os empresários tenham de suportar o prejuízo.As ações da Força Nacional, no Chapadão, segundo ele também não estão surtindo o efeito esperado, por não serem 24h nem ocorrerem nos fins de semana e com isso, os roubos apenas mudam de horário e dia.

O vice-presidente da Aderj, Luiz Carlos Marinho, não acredita numa adesão maciça à paralisação, porque muitas empresas, como a sua, possuem sistema próprio de entrega e não podem parar para não amargar ainda mais prejuízo. Ele contou que teve onze caminhões roubados só esse ano, resultando numa perda de R$ 230 mil, projetatada para chegar a R$ 500 mil até dezembro, se nada for feito.

— O risco é o impacto ir para o consumidor, com o aumento do preço final do produto. Só não fiz isso ainda para garantir minha competitividade no mercado — disse.

18/07/2017

Jornal Rede Repórter - Click e confira!




Botão Voltar ao topo