DIREITOS HUMANOS – Abordagem policial de adolescentes negros na praia do Rio de Janeiro gera polêmica e denúncias de racismo.

Um adolescente negro de 16 anos teve sua tarde de diversão e lazer interrompida de forma abrupta em um sábado à tarde, quando decidiu ir à praia de ônibus com três amigos para jogar futebol. No meio do caminho, eles foram interceptados por policiais, que decidiram apreendê-los. Mesmo portando documentos de identidade e dinheiro da passagem, a situação se tornou tensa quando os rapazes disseram que moravam no Jacarezinho, uma favela na zona norte do Rio de Janeiro.

A mãe do adolescente relatou o episódio na quinta-feira (21) na sede administrativa da Defensoria Pública do Rio de Janeiro, e expressou seu receio de que algo pior pudesse ter acontecido. O impacto psicológico de uma situação como essa sobre os jovens é difícil de dimensionar. Eles foram privados do seu direito básico de lazer sem motivo aparente, apenas por serem jovens negros moradores de uma favela, guiando-se por critérios de cor da pele e classe social.

De acordo com relatos da Defensoria, situações semelhantes são informadas diariamente por conselhos tutelares da cidade, o que é um sinal claro de racismo e segregação social. Segundo o Movimento Negro Unificado (MNU), é inaceitável que governantes promovam ações ilegais contra a juventude negra da cidade, chamando de “apartheid” a prática de impedir que determinado grupo frequente espaços públicos por critérios discriminatórios.

Outro impacto relevante a ser considerado é o emocional. A apreensão sem flagrante de crime tem um impacto significativo na autoestima, uma vez que esses jovens geralmente não têm muitos recursos e já vivem em condições vulneráveis. O episódio pode levar a uma alteração da identidade visual desses jovens, que se veem estigmatizados pela polícia e pelo Estado.

A socióloga Carolina Grillo, coordenadora do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (GENI), da Universidade Federal Fluminense (UFF), critica a abordagem de prevenção das autoridades do Rio, enfatizando a necessidade de políticas públicas voltadas para a juventude negra. A Operação Verão, que tem como base os arrastões, precisa de medidas mais adequadas para lidar com o problema, sem perpetuar práticas racistas.

Em vez de uma abordagem punitiva, Grillo defende a criação de uma rede de assistência social e um investimento em políticas públicas que gerem mais oportunidades de desenvolvimento pessoal e de renda. A prevenção efetiva que o Estado precisa fazer é investir para que os jovens tenham uma perspectiva de vida, em vez de apenas focar em medidas punitivas. É fundamental que eles se sintam parte integrante da sociedade sem serem estigmatizados e excluídos.

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