De acordo com Ronaldo Carmona, professor de geopolítica da Escola Superior de Guerra, um conflito em plena Panamazônia sul-americana poderia abrir uma quarta frente de confronto geoestratégico no mundo, o que seria extremamente grave do ponto de vista do interesse brasileiro e sul-americano. Além disso, ele ressalta que um conflito armado entre Venezuela e Guiana colocaria frente a frente forças militares bastante assimétricas, já que as forças venezuelanas estão entre as mais bem equipadas da América do Sul, enquanto as guianenses têm um pequeno efetivo.
O coronel da reserva Paulo Roberto da Silva Gomes Filho, mestre em Ciências Militares, afirma que a região entre Venezuela e Guiana é composta majoritariamente por selva, o que dificultaria a movimentação de tropas terrestres. No entanto, ele ressalta que a vegetação de campos gerais na fronteira com Roraima seria mais adequada ao movimento das tropas, o que facilitaria uma eventual ação militar venezuelana.
A possibilidade de um ataque militar da Venezuela à Guiana tem gerado preocupação no Brasil, que enviou 20 blindados para a região de Pacaraima, em Roraima, em meio à tensão na fronteira. O objetivo é reforçar a presença militar na área, de acordo com o ministro da Defesa, José Mucio.
No entanto, especialistas entendem que uma ação militar venezuelana na Guiana é possível, mas improvável. Maurício Santoro, cientista político e professor de Relações Internacionais, acredita que as motivações de Maduro em reacender o conflito pelo Essequibo seriam mais no sentido de mobilizar a opinião pública em torno de uma causa patriótica de grande apelo nacional, em um momento no qual busca recuperar legitimidade global.
A disputa pelo Essequibo remonta ao século XIX e é baseada em interpretações de acordos e laudos arbitrais assinados entre as nações envolvidas. A tensão entre Venezuela e Guiana também é acompanhada com atenção pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil, que espera que a solução seja pacífica.
Apesar da tensão, os especialistas acreditam que um confronto armado entre Venezuela e Guiana é improvável devido às possíveis repercussões e sanções internacionais para a Venezuela. O reforço brasileiro na fronteira pretende garantir a segurança na região de Pacaraima, mas as autoridades esperam que a situação não se agrave.