Caso Giovanna Tenório: testemunhas relatam mensagens e ligação feitas pela acusada Mirella Graconato

Defesa ressalta que as mensagens foram enviadas quase um ano antes da morte, e que não há provas de que o conflito persistiu

A 8ª Vara Criminal de Maceió iniciou, na manhã desta quarta-feira (11), o julgamento de Mirella Graconato Ricciardi, acusada de ser a mandante do homicídio da universitária Giovanna Tenório Andrade. A vítima foi sequestrada, em junho de 2011, após sair de uma unidade do Centro Universitário Cesmac, no bairro do Farol, na Capital. Seu corpo foi encontrado dias depois, em um canavial entre as cidades de Rio Largo e Messias.

O magistrado John Silas da Silva, titular da unidade, preside a sessão. Ele estima que o julgamento poderá ser concluído ainda hoje, no período da noite. Pela manhã e no início da tarde, foram ouvidas três testemunhas e uma declarante, a irmã da vítima, Larissa Tenório, além da realização do interrogatório da ré. Após intervalo para almoço, serão iniciados os debates entre acusação e defesa.

“Só Mirella bateu na minha irmã por duas vezes, só Mirella mandou mensagens ameaçadoras, só Mirella fez isso. Minha irmã era muito querida, muito amada, não tinha inimizade nenhuma”, disse Larissa, se referindo a dois episódios em que a ré teria agredido Giovanna.

De acordo com o Ministério Público, o motivo do crime seria ciúmes em virtude do relacionamento que a vítima teve com o ex-marido de Mirella, Antônio de Pádua Bandeira, conhecido como Toni Bandeira.

Interrogada, Mirella Graconato negou o crime e afirmou que não conhece o caminhoneiro condenado como autor material do assassinato, Luiz Alberto Bernardino da Silva, mas admitiu ter feito as ameaças e trocado agressões físicas com Giovanna em um incidente na boate Le Hotel. “Tive algumas desavenças com ela. Ela sempre ligava pra ele e era algo que incomodava”, disse.

“Mais do que ninguém, eu busco a verdade. Eu quero a minha vida de volta. Eu quero a justiça, a verdade, nada além disso”, afirmou a ré.

As testemunhas Karolinne Albuquerque e Fernanda Silva, amigas de Giovanna, reafirmaram terem visto mensagens de celular ameaçadoras da ré para a vítima. Em uma das mensagens, segundo Karolinne, Mirella disse que daria uma “pisa” em Giovanna.

Fernanda relatou que presenciou quando Giovanna recebeu uma ligação do celular de Toni, e ouviu uma voz feminina a chamando de “rapariga”. Giovanna teria então deduzido que a voz era de Mirella e desligado. O fato teria ocorrido poucos dias antes do desaparecimento da vítima.

Acusação e defesa

À imprensa, o promotor Antônio Vilas Boas, responsável pela acusação, afirmou que as mensagens enviadas pelo celular de Mirella à vítima, em tom ameaçador, não deixam dúvidas sobre a culpa da ré. “Não havia interesse de qualquer outra pessoa em ceifar a vida da vítima”, disse Vilas Boas.

O advogado de defesa, Raimundo Palmeira, ressaltou que as mensagens foram enviadas quase um ano antes da morte de Giovanna, e que não há elementos concretos que demonstrem a persistência de algum litígio entre Mirella e a vítima.

“[Foi um] momento impensado. Quantas companheiras, esposas, quando veem seu marido envolvendo-se com outra pessoa, tem a infantilidade de passar uma mensagem que jamais cumpre. Se Mirela fosse agir violentamente no sentido de tirar a vida de cada amante de seu ex-esposo teve, seria uma serial killer. As traições eram comuns”, argumentou Raimundo Palmeira.

De acordo com o juiz John Silas, em caso de condenação e sendo reconhecidas as qualificadoras do homicídio (motivo torpe e utilização de meio cruel) , a pena pode chegar a 30 anos de reclusão, conforme a legislação. No processo, Mirella também responde por ocultação de cadáver, o que pode acarretar até 4 anos de reclusão.

Ascom

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