Capitão da PM agride e ameaça dar tiro na cara de garota em SP

Caso é acompanhado pelo comando da corporação, que não descarta eventuais punições ao policial. Uma jovem teve escoriações pelo corpo.

Um capitão da Polícia Militar em Santos, no litoral de São Paulo, é suspeito de agredir uma designer, de 24 anos, e um fotógrafo, de 22, durante uma abordagem em um tradicional bairro da cidade. O caso é acompanhado pelo comando da corporação, que não descarta eventuais punições administrativas e judiciais ao policial.

Segundo o G1, os fatos ocorreram na Praça Caio Ribeiro Moraes e Silva, conhecida como a Praça do Sesc, no bairro Aparecida, na noite da última sexta-feira (14). Os amigos tinham a companhia de mais um colega, também designer, de 25 anos. Os três estavam sentados em um banco fumando um cigarro de maconha quando foram abordados.

A designer relata que a praça estava vazia. “Do nada, esse moço, que até então nós não sabíamos que era policial, foi em nossa direção. Ele estava com uma roupa comum. Ironicamente, ele me nos disse que iria pedir educadamente para que a gente parasse de fumar e me deu um tapa na cara”, relata a jovem.

A versão é confirmada pelo amigo, o fotógrafo, que prefere não se identificar. “Ele bateu nela antes de a gente esboçar qualquer reação. Em seguida, eu tomei um soco também”. A partir daí, o relato é que eles tentaram conter o homem, que, ainda segundo os amigos, voltou a agredi-los e também passou a ameaçá-los.

“Não tinha como conter porque o cara é enorme. Meu outro amigo (o designer) tentou afastá-lo, mas não conseguiu. Aí ele virou e nos disse: “vou quebrar vocês três”, relata a moça. O trio, então, se afastou. Neste momento, a designer disse que o policial a surpreendeu com chute, que a fez cair no chão, gerando vários ferimentos.

Uma viatura da polícia, parada nas proximidades, foi a referência de ajuda que eles tiveram no momento. “Mas, antes de a gente chegar até ela, o cara que estava batendo na gente virou pra mim e disse que se me visse novamente me daria um tiro na cara. Eu fiquei em choque quando ouvi isso”, relata.

Os dois policiais que estavam na viatura os atenderam, mas ainda segundo a versão do trio, os soldados se recusaram a deter o suspeito apontado como agressor. Ele foi visto entrando em um carro, junto com uma mulher, que o acompanhava. “Ela viu tudo e não fez nada”, disse a designer.

O fotógrafo relata que, então, eles foram submetidos à revista pessoal. Com ele, os policiais encontraram 2 gramas de maconha e, por isso, o levaram para a delegacia. “A gente entende que fumar (maconha) é crime, mas nada explica o que aconteceu. Nós ficamos sem acreditar”, diz.

Delegacia

Encaminhado ao plantão da Central de Polícia Judiciária (CPJ), o fotógrafo foi indiciado por porte de entorpecentes, segundo a Polícia Militar. Mas, em outro boletim de ocorrência, ele e a amiga foram enquadrados como vítimas do agressor. O terceiro rapaz não é descrito no registro da Polícia Civil.

“Soubemos quem era o cara, um capitão, na delegacia, quando o delegado nos falou”, disse o fotógrafo. “Foram os policiais que informaram, pois eles o identificaram”, complementou a designer. No boletim, o agressor está descrito apenas como “capitão Michael”, do 6º Batalhão da PM.

Como resultado da confusão, a designer ficou com escoriações em diversas partes do corpo, principalmente nas pernas e nos braços. “Após prestar depoimento, fui ao hospital com os policiais militares que nos atenderam. Eles ficaram com o papel do meu exame e eu nem me liguei na hora”.

O delegado pediu também para que o fotógrafo fosse submetido à exame, após prestar depoimento, pois ele também apresentou ferimentos. Depois do registro, eles foram até a sede do Batalhão da Polícia Militar, no Canal 6, onde formalizaram a denúncia contra o capitão.

“Para todos os policiais que a gente falava sobre o que tinha acontecido e quem era o cara que bateu na gente, havia um sinal de reprovação, com o balançar de cabeça. Era como se todos soubessem que ele (o capitão Michael) já tinha uma conduta errada”, conta a jovem.

Desde o ocorrido, a designer relata que tem medo de sair de casa em razão da ameaça feita contra ela. “Eu estou com medo. Eu entendo que maconha é errado, mas não justifica tudo o que aconteceu. Meu pai agora anda comigo para todos os lados e, por enquanto, nada me aconteceu”, desabafou.

Apuração

Por meio de nota, o Comando do Policiamento informou que o capitão foi identificado como Michael Douglas Morais e confirmou que ele é efetivo da Baixada Santista (SP). Segundo o comunicado, ainda na praça na Aparecida, ele chegou a se identificar aos outros policiais.

“Pela atribuição das agressões ao oficial, identificado pelo policial militar que deu atendimento à ocorrência, a Polícia Militar apurará a relação do fato ao capitão, podendo decorrer da apuração sanções nos campos administrativo e judiciário”, pontuou, sem informar mais detalhes.

20/04/2017

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