CAMARA DOS DEPUTADOS – “Pedido de vista coletivo adia votação de PEC que concede anistia a partidos por descumprimento de cotas nas eleições de 2022”

A votação da proposta de emenda à Constituição (PEC) que concede anistia a partidos políticos que não cumpriram as cotas mínimas de destinação de recursos em razão de sexo ou raça até as eleições de 2022 foi adiada nesta quarta-feira (13) devido a um pedido de vista coletivo. A proposta, que impede sanções como devolução de valores, multa ou suspensão dos recursos do Fundo Eleitoral e do Fundo Partidário, está sendo analisada por uma comissão especial da Câmara dos Deputados.

O relator da PEC, deputado Antonio Carlos Rodrigues (PL-SP), apresentou um substitutivo para o texto original. Além da anistia para o descumprimento das cotas, o substitutivo também mantém a proibição de sanções relacionadas à prestação de contas anteriores a abril de 2022. Essa medida foi estabelecida pela Emenda Constitucional 117, que determina a destinação de 30% dos recursos dos fundos para candidaturas femininas.

A primeira a pedir vista do relatório foi a deputada Fernanda Melchionna (Psol-RS), que criticou a proposta, chamando-a de “PEC da Vergonha e da Autoanistia”. Melchionna questionou a não realização de cinco audiências públicas aprovadas pelo colegiado e mencionou a condenação de sete mulheres por serem candidatas “laranjas” no estado do Ceará.

O substitutivo do relator também prevê a não aplicação de sanções, como perda de mandato e inelegibilidade, quando a decisão judicial acarretar redução do número de candidatas eleitas. A deputada Bia Kicis (PL-DF) defendeu essa medida, argumentando que ela faz justiça a candidatas eleitas legitimamente.

Outra inovação do relator é a inclusão na Constituição de uma cota mínima de 20% dos recursos dos fundos eleitoral e partidário para candidaturas de pessoas pretas e pardas, independentemente do sexo. Atualmente, o financiamento de candidaturas negras é proporcional ao número de candidatos negros no partido.

O substitutivo também estabelece que multas aplicadas após a vigência da Emenda 117 poderão ser pagas com recursos do Fundo Partidário, limitado a 10% do montante recebido mensalmente.

Uma ação movida pelo partido Rede Sustentabilidade e pela Federação Nacional das Associações Quilombolas (Fenaq) questiona a Emenda 117 junto ao Supremo Tribunal Federal (STF). O relator da matéria, ministro Luís Roberto Barroso, remeteu a decisão ao Plenário da Corte, mas ainda não há data para o julgamento.

A PEC também exclui a possibilidade de as legendas recorrerem ao financiamento empresarial para quitação de dívidas contraídas antes de 2015, quando era permitido o recebimento de doações de pessoas jurídicas.

A votação da proposta foi adiada devido ao pedido de vista coletivo, o que significa que a análise do texto foi adiada por duas sessões do Plenário da Câmara dos Deputados. Ainda não há previsão de quando a PEC será votada.

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