CAMARA DOS DEPUTADOS – CPMI do 8 de Janeiro ouve ex-chefe do Comando Militar do Planalto em investigação sobre invasões e negligência nas manifestações de 2023.

No dia 14 de setembro de 2023, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro ouviu o depoimento do general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, ex-chefe do Comando Militar do Planalto e um dos investigados no inquérito que apura negligência ou omissão nas invasões ocorridas em 8 de janeiro.

O depoimento do general foi proposto pelos deputados Delegado Ramagem (PL-RJ), Duarte Jr. (PSB-MA), Pr. Marco Feliciano (PL-SP) e Duda Salabert (PDT-MG). De acordo com Ramagem e Feliciano, o Comando Militar do Planalto é responsável pela segurança presidencial e pela Guarda Militar da sede da Presidência da República. Já Duarte Jr. e Duda Salabert têm interesse em obter explicações sobre as ações adotadas ou não que resultaram na permanência de manifestantes em área militar, defendendo atos inconstitucionais e conclamando a ruptura do Estado Democrático de Direito, facilitando as ações ocorridas em 8 de janeiro.

A CPMI realizou a audiência no plenário 2 da ala Nilo Coelho, localizada no Senado. Durante os trabalhos, a comissão já ouviu outros depoentes importantes, como o ex-chefe do Departamento Operacional da Polícia Militar do Distrito Federal, Jorge Eduardo Naime, que afirmou que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) havia alertado os órgãos de segurança sobre o risco de ataques, mas o núcleo de inteligência do Departamento de Operações não teve acesso a esses alertas.

Além disso, a CPMI também ouviu o empresário George Washington Sousa, acusado de colocar uma bomba em um caminhão próximo ao aeroporto de Brasília, em dezembro do ano passado. O diretor do Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado da Polícia Civil do DF, Leonardo de Castro, e os peritos da Polícia Civil do DF, Renato Carrijo e Valdir Pires Filho, também prestaram depoimento sobre as investigações das invasões.

A comissão também ouviu o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, que negou que a instituição tenha atuado politicamente para favorecer o então candidato Jair Bolsonaro durante as eleições. O coronel Jean Lawand Júnior também prestou depoimento, explicando mensagens trocadas com o tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens do ex-presidente Bolsonaro. Lawand negou que as mensagens tinham o objetivo de incitar um golpe de estado.

Os depoimentos na CPMI continuaram com a convocação de Mauro Cid, que optou por não responder às perguntas dos parlamentares. O militar está preso desde maio, acusado de fraudar cartões de vacinação. Outros depoentes importantes foram o ex-diretor-adjunto da Abin, Saulo da Cunha, e o ex-secretário de Segurança do Distrito Federal e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres.

Durante as audiências, os parlamentares também ouviram o fotógrafo da Agência Reuters, Adriano Machado, sobre imagens em que ele aparece conferindo fotos e cumprimentando um invasor. Adriano explicou que as filmagens retratam o momento em que um dos invasores o obrigou a apagar fotos e conferia se ele realmente havia deletado as imagens.

Um dos depoimentos mais polêmicos foi o do hacker Walter Delgatti Neto, que afirmou aos parlamentares que o ex-presidente Bolsonaro lhe prometeu indulto caso fosse preso por invadir urnas eletrônicas. No entanto, Delgatti ficou em silêncio ao ser questionado pelos parlamentares da oposição.

Outros depoentes importantes foram o sargento Luis Marcos dos Reis, que integrava a equipe da Ajudância de Ordens do então presidente Bolsonaro, e a cabo Marcela Pinno, da Polícia Militar do Distrito Federal, que foi agredida por vândalos durante os atos de vandalismo ocorridos nas sedes dos três Poderes. A CPMI também tentou ouvir a ex-subsecretária de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do DF, Marilia Alencar, mas uma liminar do STF a liberou de comparecer.

No geral, a CPMI tem se dedicado a investigar as ações e omissões ocorridas no dia 8 de janeiro, buscando esclarecer as responsabilidades dos envolvidos nas invasões e atos de vandalismo. Os depoimentos estão revelando informações importantes sobre a atuação dos órgãos de segurança na época e as possíveis falhas que permitiram tais acontecimentos. A CPMI continuará suas atividades e espera-se que mais depoentes sejam ouvidos nos próximos dias.

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