Luiz Ferreira foi morto a tiros em 2011; MP diz que ex-prefeita é mandante. Três pessoas foram condenadas; outras três ainda aguardam julgamento.
Três acusados na morte do vereador Luiz Ferreira de Souza foram condenados na noite desta sexta-feira (17) após dois dias de julgamento no Fórum da Capital, em Maceió. As penas somadas de Alessander Ferreira Leal, Tiago dos Santos Campos e Everton Santos de Almeida chegam a mais de 90 anos de prisão. Outros três acusados ainda aguardam julgamento.
Alessander Ferreira Leal deve cumprir 32 anos e 7 meses. Tiago dos Santos Campos cumpre 30 anos e 10 meses. Já Everton Santos de Almeida recebeu a pena de 32 anos e 3 meses de prisão.
Eles podem recorrer da decisão, mas segundo o Ministério Público do Estado de Alagoas (MP-AL), a condenção é para que eles recorram presos. A reportagem do G1 não conseguiu contato com os advogados dos condenados após a leitura da sentença.
Este último dia foi destinado aos debates, a promotoria e a defesa apresentaram seus argumentos e, em seguida, os jurados se reuniram na sala secreta para dar o veredicto. O julgamento começou na manhã de quinta (16) e foi suspenso à noite, após o depoimento de seis testemunhas.
Segundo a acusação, o crime teve motivação política. Sânia Tereza Palmeira Barros, à época prefeita de Anadia, é acusada de ser a mandante do crime. Ela e Adailton Ferreira, acusado de ser um do executores, recorreram e não foram julgados nesta audiência. Wallemberg Torres da Silva, outro acusado de executar o crime, está foragido.
Nesta manhã, o promotor Paulo Barbosa iniciou o debate em nome do Ministério Público por volta de 8h30. Ele afirmou que o réu Alessander Leal mentiu durante o depoimento.
“Por meio da quebra (de sigilo) do email e do telefone pessoal, foi constatado que ele usava uma linha telefônica no nome do filho da prefeita, como se fosse dele. Ele ligou para a ex-mulher 33 vezes em um curto espaço de tempo. Isso é muito estranho. Nao existe dúvida que a defesa quer implantar álibes falsos dizendo que estava em Anadia”, falou Barbosa.
O defensor público Ryldson Martins, que fez a defesa de Tiago e Everton, argumentou que o rastreamento telefônico não prova a participação dos acusados.
“Qual é a prova de que Tiago e o Everton participaram? Só há uma prova robusta da participação: a confissão. Alguma interceptação comprova que eles estavam no local do fato? Não”, sustentou.
Depoimentos
Na quinta, a primeira testemunha foi a viúva do vereador, Rita Luiza Pércia Namé, que acusou Sânia. Ela disse que o vereador iria denunciar crimes na gestão dela, por isso foi morto.
Também prestou depoimento o ex-procurador da Câmara Municipal de Anadia, João Sapucaia. Ele destacou que a ex-prefeita pressionava a vítima a aprovar uma mudança no regimento interno da Câmara para evitar sua cassação.
O advogado de defesa do Thiago e do Everton, Ryldson Martins, disse que os réus confessaram sob pressão, mas que durante o julgamento poderá ser apresentada uma nova versão. “Houve toda uma coação na fase da investigação preliminar para que isso fosse feito”, disse.
Já Raimundo Palmeira, avogado da ex-prefeita e do ex-marido dela, diz que os acusados alegam que a vítima era cúmplice omisso de desvio de dinheiro.
g1
18/02/2017